DEFESAS
RESUMO

 

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UM PANORAMA DAS RASURAS NA ENUNCIAÇÃO ESCRITA DE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II

 

Taísa Martins Jordão

taisajordao94@gmail.com

 

Nesta pesquisa, investigamos rasuras presentes em enunciados escritos por estudantes do Ensino Fundamental II, no contexto escolar, especificamente aquelas que emergem sem a intervenção de um interlocutor direto (nomeadamente, o professor), portanto, sem que tenham sido realizadas atividades de revisão e/ou de reescrita. Essas rasuras feitas pelos alunos por iniciativa própria correspondem a momentos em que eles modificam, substituem, inserem ou cancelam partes de seus enunciados escritos. A partir de trabalhos como Capristano (2007b, 2010a, 2013, 2014), Capristano e Chacon (2014), Machado (2014), Capristano e Machado (2015 e 2016) e Corrêa (2004, 2013), consideramos que essas rasuras registram conflitos do escrevente com a (sua) escrita, ou seja, dada a sua natureza, as rasuras constituem pistas dos encontros dos escreventes com os aspectos da (sua) escrita que se mostram para eles como “errados” e/ou “inadequados”. Com base nesse pressuposto, nosso objetivo geral é apresentar um panorama da emergência de rasuras em enunciados escritos produzidos nos quatro últimos anos do Ensino Fundamental II, verificando a existência de tendências (quantitativas e/ou qualitativas) no aparecimento de rasuras nesses enunciados. Para tanto, são observadas em quais regiões da escrita (ortografia, caligrafia, seleção do léxico etc.) os escreventes parecem ter mais conflitos. As análises são feitas a partir do exame de enunciados escritos de alunos do 6º ao 9º ano de uma escola de Ensino Fundamental II, da cidade de Terra Boa – PR. Esses enunciados foram coletados em atividades de produção escrita realizadas em sala de aula, no âmbito do desenvolvimento regular da disciplina de Língua Portuguesa, no ano de 2017. Para a análise, são consideradas as variáveis ano e quantidade de enunciados, com a finalidade de comparar os quatro anos do Ensino Fundamental II.  A discussão dos resultados é realizada de forma qualitativa, pautada nos pressupostos teóricos que fundamentam a pesquisa e, também, no uso de dados quantitativos. São analisados 277 enunciados dos quatro anos do Ensino Fundamental II e, desses 277 enunciados, obtivemos 2205 rasuras que foram divididas em dois grandes grupos, nomeados como Funcionamento 1 e 2. O Funcionamento 1 refere-se aos casos de rasura nos quais não foi possível identificar aquilo que foi recusado e considerado pelo escrevente, por alguma razão, como incorreto, inadequado, não pertinente etc. O Funcionamento 2, por sua vez, se refere aos casos de rasura em que foi possível identificar o que se mostra como a  “primeira escolha” do escrevente, ou ainda, aquilo que foi recusado e considerado por ele, por alguma razão, como incorreto, inadequado, não pertinente etc. A análise qualitativa concentra-se, sobretudo, nas 1075 rasuras do Funcionamento 2 que, de acordo com a perspectiva teórico-metodológica assumida nesta pesquisa, constituem lugares privilegiados para observar a circulação do escrevente por práticas sócio-históricas letradas e orais. Com a análise dos dados, pudemos verificar que as regiões da escrita em que os escreventes mais rasuram são, nesta ordem: a caligrafia, com 510 rasuras (47,40%); a relação grafema x fonema, com 225 rasuras (20,93%); a alternância entre maiúsculas e minúsculas, com 157 rasuras (14,60%); e a substituição de palavras, com 130 rasuras (12,09%). Pudemos, enfim, concluir que as rasuras, nessa etapa da escolarização, mostram que as várias possibilidades de registro escrito, marcadas pelas idas e vindas do escrevente em seus enunciados, integram diferentes aspectos da (sua) escrita, em consonância com as práticas mais vivenciadas por eles dentro e fora da escola.

 

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de línguas; Escrita; Rasuras; Ensino Fundamental IIPalavras-chave: Análise do discurso; leitura; contos; pós-modernidade

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