DEFESAS
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A FORMAÇÃO DO LEITOR: MEDIADORES DE LEITURA DOS FILHOS DE CORTADORES DE CANA DA REGIÃO DE UMUARAMA - PR

 

Sonia Maria Lopes

sonialopes341@hotmail.com

 

É quase um modismo falar de leitura, ou da falta dela, como se a mesma fosse a redentora de toda situação em que se encontra a educação. Campanhas de incentivo à leitura são implementadas no sentido de minorar o quadro pessimista apontado em pesquisas avaliativas da leitura em nível nacional e internacional. Os mais modernos afirmam que vivemos em tempos em que se lê mais, só que pelo computador. Observamos, entretanto, que a leitura, ou a sua falta, passa por outras questões. Uma delas é a existência de populações que ainda não chegaram à Era do livro, quando muitos falam em Era digital. Considerando a leitura como uma prática, sujeita a variantes (social, familiar, escolar e pessoal), embasados nos pressupostos teóricos da Sociologia da leitura, nosso objetivo é pesquisar os mediadores de leitura para essa clientela observando as concepções de leitura, literatura e leitor dos filhos de trabalhadores em canaviais da região de Umuarama-Paraná, assim como as postuladas por coordenadores e professores da escola na qual a clientela estuda. Dessa forma, ancorados na pesquisa etnográfica, observamos como esse grupo efetua suas práticas de leitura. Limitamos a seleção das crianças a três requisitos: serem filhos de cortadores de cana, estudar no ensino fundamental de primeira a quarta série e freqüentar a mesma escola. Foram aplicados questionários e entrevistas aos pais professores e equipe pedagógica e por fim às crianças. A pesquisa delimitou-se a uma cidade onde os pais residem e da qual se deslocam para o trabalho no corte pela região a até 60 km de distância. Constatamos que as crianças pesquisadas freqüentam a escola no período matutino e no vespertino são atendidas pelos projetos Segundo Tempo e PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). A concepção de leitura para os pais, crianças e professores é que ela é importante porque traz informação e conhecimento. Prevalece no grupo o gosto por ouvir histórias, isso porque essas crianças vêm de famílias que foram formadas priorizando a oralidade. Apesar de dizerem que gostam de histórias, poucas lêem, mas todas sabem os contos tradicionais, pois ouvem da família histórias populares e folclóricas. A escola, na voz das professoras, tem pouco espaço para a prática de ler para/ou com as crianças. Para as professoras, as crianças “devem ler” e justificam suas afirmações com chavões de propagandas do governo de incentivo à leitura. A leitura, tomada como prática revela sua precariedade no contexto social, familiar e escolar. Como no grupo social e familiar não há leitura do texto literário, a responsabilidade de formar o leitor é transferida à escola que, na voz da equipe pedagógica, é responsabilidade dos professores. Logo, é a esse profissional que cabe a tarefa de trabalhar essa clientela, formada na oralidade, com o gosto pela literatura popular, conhecedora dos contos tradicionais, em leitores do texto literário. Compreender a importância da literatura oral, para esse grupo, torna-se, portanto meta primordial aos mediadores de leitura em contexto escolar.

 

Palavras-chave: Sociologia da leitura; formação do leitor; literatura infantil; filhos de cortadores de cana; mediadores de Leitura.