O EIXO ORALIDADE NO LIVRO DIDÁTICO: LINGUAGEM COMO PRÁTICA SOCIAL

Silvana Aparecida Sipraki

silvanasipraki@hotmail.com

RESUMO

Esta pesquisa tem como tema o trabalho com a linguagem oral na sala de aula, tendo como locus de estudo as atividades propostas em três livros didáticos de 6º. Enquadra-se na área de Linguística Aplicada e apoia-se nos procedimentos metodológicos da pesquisa qualitativa (MASON, 1996; DENZIN e LINCOLN, 2006; ERICKSON, 1989) e na pesquisa documental (GODOY, 1995; LUDKE e ANDRÉ, 2013). Tem como objetivo investigar a concepção de oralidade em livros didáticos do 6º ano do Ensino Fundamental, analisando para tanto três unidades de editoras e autores diferentes, aprovadas pelo PNLD e utilizadas em escolas da rede pública de Maringá/Pr. Os pressupostos teóricos que orientam a pesquisa foram os Novos Estudos sobre Letramento (STREET, 1984, 2010, 2014), que reconhece os usos sociais da leitura e da escrita, verificando as práticas letradas como produtos da história, da cultura e dos discursos. Quanto à oralidade, apoiou-se nos estudos de MARCUSCHI (1997, 2010), por entendermos que a modalidade oral da língua deve ser analisada na perspectiva do uso, enquanto prática social. Os resultados revelaram que, embora haja uma evolução nos estudos linguísticos em relação a essa modalidade da língua, os documentos oficiais, como as DCEs que apresentam a oralidade como um eixo a serem trabalhados, os livros didáticos ainda não conseguiram tornar práticas essas teorias. Os dados analisados mostram que, mesmo havendo considerável número de atividades que explorem a fala nos três LDs analisados, a oralização da escrita e o treino de oratória ainda são as atividades mais recorrentes, juntamente com as propostas de debate, seminário, exposição oral, gêneros que não são discutidos pelos livros, em relação a sua composição, conteúdo temático e estilo. Conclui-se que precisamos de mais trabalhos que contemplem a compreensão e a produção de gêneros orais e que descrevam o que constitui a oralidade como prática social, a fim de que a escola e os LDs possam legitimar a oralidade e os grupos sociais ou as pessoas que utilizam a fala e possibilitar a formação de cidadãos aptos para atuar em práticas sociais reais.

Palavras-chaves: Língua Portuguesa; Letramento; Oralidade; Livro-didático