DEFESAS
RESUMO

 

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DO DEBATE TELEVISIVO AO JORNAL IMPRESSO: AFORIZAÇÕES NA MÍDIA NACIONAL

 

Raquel Tiemi Masuda Mareco

rachel.mareco@gmail.com

 

RESUMO: A atual facilidade de acesso à informação exige que os suportes midiáticos digam e provem o que dizem, tanto para conquistar a credibilidade do leitor/ouvinte/telespectador, quanto para evitar sanções legais por divulgar informações caluniosas, tendenciosas ou descontextualizadas. Segundo Charaudeau (2006), a comunicação midiática se constitui numa tensão entre duas visadas: uma visada que tende a produzir um objeto de saber segundo uma lógica cívica, ou seja, que visa a informar o cidadão, e uma visada de captação, que tende a produzir um objeto de consumo segundo uma lógica comercial: “captar as massas para sobreviver à concorrência” (CHARAUDEAU, 2006, p. 86). Sendo assim, uma das maneiras de produzir um efeito de veracidade e de objetividade, de diminuir a responsabilidade da informação do enunciador jornalista e de atrair o interlocutor, se dá por meio do destaque da fala de outrem. No contexto midiático, o enunciador jornalista destaca, com ou sem alterações, a fala de outros, realizando um processo que Maingueneau (2008b; 2010) chama de aforização. A aforização é um fenômeno muito utilizado pela mídia, pois ao abordar assuntos diversos, ela recorre a discursos de outrem para legitimar o seu dizer e, muitas vezes, precisa alterá-los para que eles sejam compreensíveis pela maioria dos leitores. Diante desse contexto político-midiático, este trabalho tem por objetivo observar o funcionamento discursivo das aforizações sobre os debates televisivos do segundo turno das eleições presidenciais 2010 nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Para tanto, partimos da seguinte pergunta de pesquisa: Como ocorreu o processo de construção das aforizações veiculadas nos jornais impressos? Nosso viés teórico-analítico foi embasado, principalmente, nos estudos de Dominique Maingueneau sobre os enunciados destacados e destacáveis em diálogo com os conceitos de paráfrase e metáfora propostos por Michel Pêcheux. Frente a esses objetivos, nossa pesquisa se justifica por buscar contribuir com estudos sobre a circulação dos discursos políticos nas mídias e a influência dos modos de circulação na manutenção e/ou na ressignificação dos sentidos. Por meio da análise e dos dados apresentados na discussão, observamos que a maioria das aforizações foi construída por supressões e, em muitos casos, ao alterar os enunciados, a cenografia construída pelo discurso durante os debates não se manteve, sendo alterada quando retratada pelos jornais. Essas diferenças na cenografia e na imagem do político acabaram favorecendo um ou outro candidato. Entretanto, não podemos dizer que um jornal apoiou um dado candidato, pois ao veicular aforizações com determinadas alterações, os jornais favoreceram um ou outro candidato.

 

Palavras-chave: discurso político-midiático; aforização; circulação de discursos.