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RESUMO |
Dissertação completa - Arquivo PDF
O GOVERNO DO DIVERSO: O LETRAMENTO ESCOLAR EM CONTEXTO MULTILÍNGUE NO
VESTIBULAR PARA OS POVOS INDÍGENAS NO PARANÁ Raquel Fregadolli Cerqueira Reis Gonçalves (raquelfregadolli@hotmail.com) Esta pesquisa é fruto de um
projeto maior intitulado “Discurso, letramento e proficiência em regimes de
(in)visibilidades: língua portuguesa como adicional e estrangeira”. Ambos os trabalhos estão vinculados ao
GEDUEM-CNPq, grupo de estudos cuja temática perpassa pelos regimes de
(in)visibilidades nos quais estão inscritos os discursos da exclusão e da
inclusão. Norteados por esses princípios, desde 2010, no mestrado, o vestibular
indígena tem provocado inquietações e, por isso, tem sido alvo de nossas investigações.
Trata-se de um tema delicado, tenso e complexo, porque contraditório, em
especial, no campo linguístico, uma vez que a identidade linguística do
indígena transita pelo nacional e étnico. No âmbito da identidade nacional, a
formação escolar em língua portuguesa normaliza e normatiza os saberes
requisitados para o exercício da cidadania, isto é, promove o domínio da norma
culta na categoria escrita. Por esse modo de conceber a língua, as práticas de
letramentos institucionalizadas são, necessariamente, monolíngues. A escola,
nesse sistema, é a instituição disciplinar na qual as práticas pedagógicas
fazem a manutenção do monolinguismo. Já, a norma culta na modalidade escrita da
língua portuguesa é reforçada no processo de letramento escolar. Importa
destacar que o acesso à educação é direito conquistado pelos indígenas, uma vez
subjetivados pelo dispositivo da cidadania. Sob a condição de sujeito de
direito atual, a Constituição Federal de 1988, garante aos indígenas uma
educação bilíngue, específica, diferenciada e intercultural. Desse modo, para
que a escolarização se efetive, as comunidades indígenas no Paraná têm, em seu
território, escolas públicas para atender a essa população. Contudo, no
paradoxo que se institui entre a expectativa proporcionada pela lei
constitucional e a realidade da formação escolar em língua portuguesa, como os
saberes empreendidos nas redações elaboradas em processo seletivo do vestibular
desvelam a (in)apropriação do letramento escolar? Diante dessa problemática, o
objetivo desta pesquisa é o de compreender, pelas redações do II e do XIV
Vestibular para os Povos Indígenas no Paraná, como a governamentalidade atua
pelo dispositivo de segurança no exercício da tecnologia de letramento escolar
para o governo do diverso. Nesse propósito, defendemos a tese de que as
fragilidades do letramento escolar, manifestadas pelos candidatos indígenas,
são decorrentes do rompimento do pacto de segurança pelo desrespeito à
diversidade linguística e cultural garantida constitucionalmente. Para tanto,
esta pesquisa fundamenta-se na Linguística; na Linguística Aplicada; nos (Novos
Estudos do) Letramento e nos pressupostos da Análise do Discurso, filiando-nos
aos pressupostos teóricometodológicos erigidos por Michel Foucault. A partir do
gesto analítico empreendido pelo método arqueogenealógico, entendemos que o
letramento escolar funciona como dispositivo de controle da diversidade por
meio da articulação de dois eixos: (i) o eixo da língua comprova que os saberes
linguísticos demonstrados nas redações revelam fragilidades no processo de
letramento escolar; (ii) no eixo discursivo, compreendemos que o processo do
letramento escolar, enquanto processo de subjetivação e de normalização, é
condição de possibilidade para a identidade heterotópica do indígena ao
reforçar a soberania da norma culta na modalidade escrita que exerce uma força
esmagadora sobre as línguas indígenas, rompendo, assim, com o pacto de
segurança. Palavras-chave: Vestibular
indígena; letramento escolar; cidadania; biopolítica. . .
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