DEFESAS
RESUMO

 

 

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MANIFESTAÇÕES DO INTERLOCUTOR NAS PRODUÇÕES TEXTUAIS ESCRITAS NO ENSINO FUNDAMENTAL

 

Rafaela de Cássia Franzoi

rafafranzoi@bol.com.br

 

Esta pesquisa tem o intuito de verificar as manifestações do interlocutor na produção textual escrita, em sala de aula, de Ensino Fundamental, delimitando o grau de importância desse elemento, que é considerado por Bakhtin (2003) o responsável pela compreensão responsiva ativa e um dos eventos essenciais para a realização de produção textual. Propuseram-se a seguinte pergunta de pesquisa e as suas subdivisões: Como ocorrem as manifestações do interlocutor na produção textual escrita escolar?; a) Quais os elementos que demarcam a influência do interlocutor na produção textual escrita em sala de aula?; b) Como a ausência do interlocutor no comando de produção textual se manifesta nos textos dos alunos?; c) As noções de interlocutor real e virtual interferem e se manifestam nos textos dos educandos? Para buscar as respostas, este trabalho constitui-se a partir da perspectiva sócio-histórica de estudo sobre a linguagem, subsidiada nos pressupostos de Bakhtin/Volochinov (1995), Bakhtin (2003) e Vygotsky (1988), expondo reflexões teóricas sobre a linguagem, especificamente a escrita, sua constituição e disponibilidade na formação do discurso, ao considerá-la como produto sócio-histórico em interação social, por meio das enunciações. A pesquisa investigou os textos escritos por educandos da 7ª. série de um colégio de rede privada do município de Marialva, Paraná. Coletaram-se os materiais produzidos por nove estudantes. No entanto, para análise, três alunos foram escolhidos como mostra representativa. Os resultados demonstraram que há influência dos interlocutores por meio do uso de elementos linguísticos. Ao não se delimitar o interlocutor nos comandos de produção textual, os educandos demarcaram vários outros participantes num mesmo enunciado. Além disso, a omissão da imagem do outro propiciou que os alunos definissem a professora da sala de aula como interlocutor/real com função de avaliadora, comprometendo a continuidade de um processo dialógico e a compreensão responsiva ativa. Ao ser exposta a finalidade e o interlocutor, em que se teve a mediação e a explicação da necessidade de delimitar os elementos que condicionam a produção textual, detectou-se uma preocupação em como produzir a crônica, gênero discursivo escolhido para o trabalho, em que os educandos se atentaram à delimitação do seu interlocutor para qual era encaminhada a sua palavra escrita, adequando-a segundo a imagem desse outro. Usufruíram de discursos alheios, que foram assimilados, reelaborados, reacentuados para serem destinados ao participante do processo dialógico. Os educandos demonstraram que possuem internalizada a necessidade de estabelecer um processo dialógico com o outro por meio da palavra escrita.

 

Palavras-chave: interlocutor; produção textual; interação; mediação; Ensino Fundamental.