DEFESAS
RESUMO

 

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IDENTIDADES E DIVERSIDADE SOB GOVERNAMENTALIDADE:

O ÍNDIO BRASILEIRO EM PRÁTICAS DISCURSIVAS TELEVISIVAS CONTEMPORÂNEAS

 

 

Marineusa Ferreira de Oliveira

maryolive@gmail.com

 

 

A contemporaneidade é contemplada por discursos cuja promoção da diversidade tem sido colocada em pauta, notadamente, a partir da Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (UNESCO, 2002). Este acontecimento é notório no Brasil, especialmente devido ao fato de que a formatação cultural brasileira deriva de uma conjuntura na qual a diversidade étnica apresenta-se sob diversas formas de manifestações culturais. Os discursos que fomentam a diversidade pela perspectiva social, cultural, linguística e étnica possuem a particularidade de conclamar os diferentes povos à constituição da nação brasileira por meio da celebração do pertencimento, da comunhão e da identidade nacional. São discursos que dirigem um olhar para uma condição contraditória: a convocação dos diferentes povos a uma igualdade inexistente na história e na memória constitutiva do brasileiro. Tais discursos costumam propagar a promoção das relações interétnicas e interculturais, como aquelas estabelecidas entre indígenas e não indígenas. Os efeitos do advento do processo da globalização proporcionaram condições de possibilidade para avanços tecnológicos nas interações humanas, dentre os quais as mídias de comunicação, e destas se destaca a televisão, visto que possibilitou a visibilidade discursiva acerca dos modos de ser, pensar e viver distintos e contraditórios dos diferentes povos que ocupam a condição de brasileiros. Essa mídia tem sido reconhecida como superfície de inscrição discursiva na qual a propagação de discursos cujo status de verdades alcançam considerável número de sujeitos, em especial, no âmbito dos telejornais. Nessas condições, as práticas discursivas midiáticas, visando promover à diversidade, colocam em cena a inclusão e a exclusão, uma vez que os discursos da mídia televisiva promovem um jogo discursivo no qual o funcionamento das categorias saber, poder e verdade instituem regularidades nos modos de representação das identidades e das manifestações culturais distintas, em específico, do indígena brasileiro. Assim, as práticas discursivas circunscritas ao telejornal podem promover a inclusão do indígena na sociedade não indígena, mas, também, podem excluí-lo, visto que as técnicas da governamentalidade – biopoder e biopolítica – cerceiam as invisibilidades discursivas de forma a produzir efeitos de sentido de transparência nas relações interétnicas, e também, instituir regimes de verdade sobre o indígena. Diante disso, sob os pressupostos teóricos erigidos por Michel Foucault, dos desdobramentos da AD no Brasil e dos Estudos Culturais, o presente estudo teve por objetivo compreender o modo como a mídia televisiva estabelece condutas para o olhar e o dizer acerca do indígena brasileiro e de seu campo de saber, tendo em vista as possibilidades discursivas de lhe constituírem identidades étnicas e culturais, bem como instaurarem condições de possibilidade para que, no processo de sua inclusão, a exclusão atue como contradição. Servimo-nos, para tanto, de um corpus composto por notícias e reportagens propagado pela televisão brasileira no que tange à discursivização do indígena, no período compreendido entre 2009 e 2011. A pesquisa demonstrou que as práticas discursivas da mídia televisiva que tratam do indígena brasileiro atribuem-lhe diferentes identidades, as quais foram denominadas como identidades: (a) mítica na qual o sujeito indígena é representado com a caracterização de sua condição nos primórdios, em uma relação presente passado, história e memória; (b) semi-homogeneizada: na qual esse sujeito é retratado como em um espaço de movência cuja resistência não é tão intensa e há assimilação de identidades outras; (c) urbanizada: na qual o sujeito indígena é simbolizado como assimilando e assumindo outras identidades, sem esboço de resistência, e identidade (d) resistente: na qual esse sujeito é representado como buscando manter e salvaguardar suas singularidades identitárias e culturais como condição que o perpassam e o determinam.

 

Palavras-chave: Governamentalidade; Sujeito indígena; Mídia televisiva.