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RESUMO |
Dissertação completa - Arquivo PDF
O(S) SUJEITO(S) NO CLUBE DA LUTA: O OUTRO NO MESMOFernanda Luzia Lunkes
Nesta pesquisa nos debruçamos sobre a categoria do sujeito na produção fílmica. Objetivamos explicitar os processos de constituição dos sujeitos no filme Clube da Luta, produção americana lançada em 1999. Na perspectiva da Análise de Discurso (Pêcheux, Orlandi), a homogeneidade do sujeito é um efeito ideológico. E uma das “surpresas” do filme está justamente no fato de que o espectador descobre, ao final, que os dois personagens, Jack e Tyler, são a mesma pessoa. E nesse sentido, o corpo se materializa. Nossos gestos de leitura caminham no sentido de explicitar, através dos recortes, a pergunta que fizemos diante de nosso objeto, tendo em vista que o corpo perpassa toda a narrativa fílmica seja como lugar de repetição seja como lugar de resistência: se há um imaginário interpelando constantemente, o corpo pode ser um lugar a trazer, de certa forma, esse imaginário? Através da descrição das discursividades desses sujeitos, procuramos mostrar sua construção heterogênea, o que nos leva a considerar as condições de produção, aqui tomadas enquanto os discursos sobre a pós-modernidade e sobre a categoria de sujeito; os discursos que circulam sobre o cinema; sobre o filme Clube da Luta; as cenas das quais selecionamos os recortes. Os recortes foram feitos de acordo com as perguntas que nos motivaram, não implicando, por conta disso, uma divisão entre o verbal e não verbal. Tomamos ambas instâncias simbólicas enquanto discurso. Empreendemos nossa análise separando Jack e Tyler não enquanto sujeitos empíricos, mas sim enquanto sujeitos discursivos, mostrando as coerções que o indivíduo sofre e como isso se dá no simbólico através do imaginário social que o interpela. Consideramos que o nosso sujeito no filme vai se constituindo por diferentes processos de identificação no corpo. Na primeira fase seu nome é silenciado, enquanto há uma regularidade em nomear grifes como metáfora do corpo aceito; na segunda, em outra metáfora, se auto-denomina “alguma coisa” de Jack, abordando tanto o lado biológico quanto emocional; e a terceira, através de Tyler, quando ele traz uma outra discursividade, o seu Outro, um discurso de resistência pelo corpo com outras marcas. O que não nos leva a pensar que ele escapa a outra ideologia. Resistir sim. Escapar jamais. Entendemos que o título Clube da Luta pode organizar uma paráfrase discursiva em que “luta” significa “luta física”, mas também aponta para a polissemia: significa “luta ideológica”. E o corpo inscrevendo ambas discursividades. Nosso estudo, mais do que respostas, pretende levantar questões que, possivelmente, gerarão outras. Como sujeitos desejantes, não falamos em conclusões, mas em gestos de leitura, estes inseridos no movimento do discurso, que nos escapa.
Palavras-chave: Discurso; Sujeito; Corpo.
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