DEFESAS
RESUMO

 

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A ESCRITA DE CRIANÇAS ENTRE LÍNGUAS

 

 

Lisley Camargo Oberst

lisleyoberst@hotmail.com

 

Nesta pesquisa, o objetivo foi investigar a relação entre Língua Materna (LM) e Língua Estrangeira (LE) em enunciados escritos em LE por crianças em aquisição de escrita de (sua) LM, com o propósito de entender como se mostram, nesses enunciados, eventuais conflitos e confluências na relação de imbricação entre as línguas. A fim de alcançar esse objetivo, foi proposta uma análise qualitativa e quantitativa, inspirada nos pressupostos do Paradigma Indiciário de Ginzburg (1989), de 627 registros escritos em LE feitos por crianças do 2º ano do Ensino Fundamental I de escolas municipais de Maringá, Paraná. Nesses enunciados, buscou-se averiguar a existência de regularidades no modo como as crianças registravam palavras em LE, bem como levantar hipóteses explicativas sobre as motivações para os registros dessas palavras, considerando as dimensões fonético-fonológica e ortográfica tanto da LE quanto da LM dos escreventes. Essas análises se justificam pela importância da discussão acerca da relação do sujeito com a linguagem no quadro teórico e prático do ensino e da aprendizagem de línguas, bem como no do incentivo à internacionalização da educação. Esta investigação parte dos pressupostos teóricos, principalmente, de Coracini (2003, 2007) e Revuz (1998) quanto à perspectiva enunciativo-discursiva de LM, LE e da relação conflituosa e de imbricação entre elas, e das discussões sobre heteroglossia de Bakhtin (1981, 2015), no que tange à constituição dialogizada e movente do sujeito por vozes sociais, que, assim como assumido nesta dissertação, incluem também as línguas materna(s) e estrangeira(s). Com base nesse aporte teórico, a análise dos enunciados escritos infantis partiu da hipótese de que os conflitos e confluências entre LM e LE que constituem a movente identidade dos sujeitos se mostram em imagens que os escreventes constroem sobre as línguas. Essas imagens podem indiciar a relação entre LM e LE que, na escrita e nas práticas sócio históricas das crianças, estão/são imbricadas. As análises apontam para grande regularidade no modo como as crianças registram as palavras em LE: majoritariamente, elas fazem registros que parecem recuperar, em parte ou em seu todo, as estruturas silábicas das palavras em IA (Inglês Americano); quando essa recuperação não acontece, as crianças fazem os registros por meio de grafemas pouco comuns ou impossíveis tanto no IA quanto no PB (Português Brasileiro), o que chamamos nesta pesquisa de registros idiossincráticos. Além dessa regularidade, buscaram-se hipóteses explicativas para a motivação da emergência desses registros, a partir das quais os registros foram agrupados e discutidos. Os resultados das análises levam à conclusão de que pistas deixadas pelo escrevente em seu enunciado escrito são significativas da relação entre LM e LE, bem como entre sujeito e linguagem: os conflitos e confluências entre o materno e o estrangeiro se mostram em imagens de afastamento e aproximação que os escreventes têm sobre as línguas. Essas imagens se mostraram, nesta pesquisa, como evidências de que as línguas materna e estrangeira se imbricam como vozes sociais que habitam e constituem as possibilidades do sujeito (se) dizer.

 

 

Palavras-chave:Língua Materna; Língua Estrangeira; Aquisição da escrita

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