DEFESAS
RESUMO

 

 

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"JÚLIA, MINHA AMIGA"

IMAGINÁRIO, DUPLO E IDENTIDADE EM SEM NOME, DE HELDER MACEDO

 

Juliana Raguzzoni Cancian

julianac@unipar.br

 

Helder Macedo traz novamente à baila em seu quarto romance, Sem Nome (2005), a técnica de misturar realidade e ficção. Verdades relativas e fatos históricos perpassam a narrativa; personagens e situações são arquitetadas, num contexto de entendimento do romance como gênero ambivalente. Focalizando o homem contemporâneo e os abismos sobre os quais ele se equilibra, o romance propõe, apesar disso, uma liberdade de escolha e de participação no mundo. Pela perspectiva feheriana da épica atual, as ambivalências de Sem Nome (2005), que interferem na construção da protagonista Júlia de Sousa, são três, e constituem o objeto deste trabalho. A primeira delas é a interação real versus imaginário, contemplando o tom verossímil, mas enganador do escritor ao compor a narrativa ficcional. A segunda ambivalência remonta à temática do duplo, em que Júlia é idêntica/oposta à outra personagem, Marta, num jogo de telescopagem no tempo (BRAVO, 1998). A terceira ambivalência trata da identidade pelo reconhecimento do ser que “é” e o ser que se reelabora em função dos outros, isto é, a identidade como idem e ipse (RICOEUR, 1991). O reconhecimento que Júlia faz de si mesma passa por facetas da história recente de Portugal, com resquícios memorialistas, e pela visualização da problemática da construção/desconstrução das identidades.

 

Palavras-chave: Romance; Sem Nome; Identidade.