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REGIMES DO OLHAR E DO
DIZER O PORTUGUÊS COMO LÍNGUA DE ENSINO E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES NOS
INSTITUTOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM MOÇAMBIQUE David António davidantoniosixpene@yahoo.com.br RESUMO Visamos
compreender como o português europeu (PE) em Moçambique, língua oficial desde a
proclamação da Independência Nacional do país em 1975, e adotado, igualmente,
como língua de ensino e de formação de professores nos Institutos de Formação de
Professores (IFPs) é um dispositivo de segurança no exercício do biopoder e da
biopolítica (FOUCAULT, 1999b). Sob tais regimes de funcionamento, a prática linguístico-social revela-se
com a resistência ao uso de enunciados do PE, tendo em vista o desenvolvimento
crescente da variedade do português de Moçamique (PM) em relações de forças com
o PE, enquanto norma-padrão adotada, nó górdio para o
ensino e formação de professores do/em português. Tais questões nos levaram à seguinte
problematização: sob o exercício das tecnologias do biopoder e da biopolítica
como os dispositivos pacto
de segurança e exclusão pela língua instituem condutas contraditórias em
torno do funcionamento do PE e do PM para o ensino e a formação de professores
do/em português nos IFPs no país, fato que dificulta a implementação de
práticas pedagógicas “uniformizadoras” em sala de aula, bem como ao
aprimoramento de políticas de inclusão social? Assim, nosso objetivo cinge-se
em compreender o exercício de tais tecnologias, regidas pelos dispositivos pacto de segurança e exclusão pela língua, na instituição das
condutas em referência. Nesse sentido, o escopo teórico-metodológico da pesquisa norteia-se
pelos fundamentos da Análise do Discurso concebidos por Michel Foucault,
articulados aos preceitos da Linguística Aplicada Crítica (PENNYCOOK, 2003), com uma vertente introspectiva (CORACINI,
2003b) e padrões qualitativo-quantitativos, em interação com os Estudos
Culturais e de Identidade (SILVA, 2000; CAVALCANTI, 2006; DIAS, 2009), Estudos
Pós-modernos (CORACINI, 2003a; SOUSA SANTOS, 2008), Pós-coloniais (LOOMBA,
1998; PENNYCOOK, 2003; MAKONI E MEINHOF, 2006; SOUSA SANTOS, 2008) e com o contexto (socio) linguístico
moçambicano (GONÇALVES, 2010; LOPES, 2004; DIAS, 2009; FIRMINO, 2005;
CHIMBUTANE, 2012). Nesse
âmbito, constitui desafio para esta pesquisa a abordagem de aspectos
linguístico-discursivos de busca de regularidades nas práticas discursivas que
dificultam a implementação de uma prática pedagógica “uniformizadora”. Desse
modo, o nosso corpus constitui-se de
práticas (não) discursivas relacionadas ao ensino e a formação de professores
nos IFPs – recolhemos dados sobre práticas linguístico-metodológicas de
formandos e formadores inerentes ao ano letivo de 2015 em quatro IFPs da
província da Zambézia em Moçambique e de dispositivos que legislam a formação
nessas instituições. Portanto, os resultados
possibilitam a ocorrência das posições do “sujeito heterogêneo da ilusão de
completude” e do “sujeito heterogêneo da incompletude” em sala de aula. Por sua vez, tal heterogeneidade condicionou
a concepção de outras posições do sujeito, como é o caso dos sujeitos de
“língua imaginária”, do “pertencimento; da língua fluida-língua materna”, de
“ilusão de identidade”, da ““língua praticada” e do pertencimento”, da
“inclusão e de resistência à exclusão da “língua praticada””, da “inclusão e de
resistência à exclusão da “língua e cultura indígenas””, do “invisível” e da
“diferença/insegurança”, bem como a concepção da “língua imaginária-língua
oficial”, “língua imaginária: língua de ilusão de identidade-língua nacional”,
“língua fluida: praticada e do
pertencimento; língua franca”, “língua fluida: língua de inclusão e de
resistência à exclusão da “praticada”” e “língua fluida: língua de inclusão e
de resistência à exclusão das “indígenas””. Palavras-chave: português europeu / de Moçambique; formação de professores em
Moçambique; práticas discursivas. . .
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