É facilmente constatável o fato de que a escola nem sempre tem conseguido resultados satisfatórios ao tentar desenvolver as habilidades dos alunos envolvidas no processo de composição textual. Apesar disso, existem alguns sujeitos que, de algum modo, se apropriaram de tais habilidades. Com base nessa asserção, esta pesquisa procura levantar pistas da construção de habilidades de escrita através da história de vida de bons escritores não-literários e não profissionais da linguagem.

Esta pesquisa de base qualitativa utiliza, como instrumento de coleta de dados, entrevistas semi-estruturadas e de longa duração, procurando detectar quais fatores contribuíram para o desenvolvimento da capacidade de escrita e quais são as estratégias utilizadas pelos sujeitos durante a tarefa composicional, para, enfim, destacar pontos relevantes em comum, de forma a indicar pistas para professores de língua materna e para educadores de forma geral, em relação a estratégias diferenciadas que cada sujeito pode ter ao se relacionar com a linguagem escrita.

Os quatro sujeitos entrevistados são pessoas adultas, do sexo masculino e que apresentam características de escritor maduro.

A análise dos dados revelou que fatores como: as atitudes positivas de incentivo, de valorização da formação educacional por parte dos pais; o auto-conceito positivo desenvolvido no processo ensino/aprendizagem; a motivação para escrever; a iniciativa, ou seja, a responsabilidade perante seu próprio processo de aprendizagem, foram fundamentais na construção desses sujeitos bons escritores.

Como estratégias podemos destacar a preocupação com o processo integral da composição textual (a planificação, a textualização e a revisão) que, embora pareçam óbvios, não se constituem como automatismos da linguagem escrita e, talvez por isso, sejam ainda pouco explorados no contexto escolar.

Palavras-chave: História-de-Vida, Autonomia, Escrita.