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RESUMO |
Dissertação completa - Arquivo PDF
as (im)possibilidades de emergência de
autoria no artigo de opinião nas condições do vestibular Cíntia Bicudo cintia.bicudo@hotmail.com O objetivo geral de nossa
pesquisa é observar as (im)possibilidades de autoria no Artigo de opinião
produzido no vestibular da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Para
tanto, analisamos, com base na Análise de Discurso de linha francesa, 80
redações produzidas no vestibular de inverno de 2016. Dentre os gêneros que
podem ser solicitados no vestibular, selecionamos o Artigo de opinião devido à
variação na estrutura composicional que acontece no gênero em circulação social
(COSTA, 2009) e à valorização da posição social do autor desse gênero como
maneira de dar credibilidade aos argumentos (ZANINI, 2017). Como objetivos específicos, delimitamos: 1) apresentar o
contexto em que as redações foram produzidas; 2) descrever as características
prototípicas do Artigo de opinião no contexto de vestibular; e 3) compreender
quais movimentos relacionados à função autoria são possíveis de serem
produzidos no vestibular. Em relação ao referencial teórico-metodológico,
para empreender esta pesquisa, pautamo-nos nas discussões sobre autoria
realizadas pelos estudiosos da Análise de Discurso de linha francesa (FOUCAULT,
1999, 2009; ORLANDI, 1988, 2015; GALLO, 1995; POSSENTI, 2002), bem como nas
reflexões sobre gêneros discursivos produzidas a partir dos pressupostos de
Bakhtin (1997, 2006). Nesse sentido, no gesto analítico, procuramos compreender
os modos de funcionamento da autoria nas condições do vestibular, mobilizando
os conceitos de condições de produção, textualização, autenticação/legitimação,
com base nos mecanismos textuais e discursivos atinentes à efetivação ou não da
autoria. Nas condições de produção do vestibular, podemos ressaltar que há uma
injunção à textualização no gênero solicitado (efeito fecho, coesão e coerência),
assim como a necessidade de apropriação de elementos constitutivos do “comando”
que, contraditoriamente, na tentativa de tornar natural a situação
comunicativa, imobiliza a autoria quando o sujeito fala de um lugar que não é o
seu. As “singularidades” na instauração da autoria se dão nos pontos em que o
sujeito consegue trabalhar a linguagem (modos peculiares de organizar as vozes,
jogo de palavras, diálogo com o leitor) e podem ser notadas até mesmo dentre o
grupo das zeradas. Dessa maneira, a autoria se efetiva em um movimento no qual
o sujeito-candidato faz operar a dispersão e o fechamento dos sentidos,
marcando um posicionamento (pelo qual é responsável), ao mesmo tempo em que
precisa entrar no jogo de repetir um dado sentido autorizado pelo comando. .
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