DEFESAS
RESUMO

 

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A BRASILIDADE HETEROTÓPICA DO “BEM MORAR” NEOLIBERAL

 

Carla Prado Vieira Verdan

prado.carla@gmail.com

 

No ano de dois mil e quinze, acontecimentos de ordem econômica, política e social possibilitaram, como condição de existência, a irrupção do discurso da brasilidade em um evento midiático de grande visibilidade nacional para as áreas de design, design de interiores, arquitetura, decoração e paisagismo denominado Mostra da Casa Cor. Este evento proporcionou que diferentes profissionais desenvolvessem espaços de interiores cujo tema seria “O Brasil visto por dentro” e que, por este caminho deveria tratar das características que constituem essa brasilidade. Dada a emergência do objeto desta pesquisa consistir-se na movimentação das práticas discursivas acerca da brasilidade e, na sua inscrição dar-se em eventos em nível nacional que comportam uma singular ação entre saber, poder e sujeito e resultam em processos de dobra para o sujeito neoliberal questiona-se, quais são os jogos de forças que colocam em exercício os processos de subjetivação, dos sujeitos neoliberais, nos e pelos ambientes heterotópicos da Mostra da Casa Cor 2015 inscritos no discurso da brasilidade. Nesse sentido, objetiva-se compreender o modo como os ambientes heterotópicos da Mostra da Casa Cor São Paulo 2015, inscritos nas práticas discursivas da brasilidade, funcionam como mecanismos do exercício da governamentalidade neoliberal e quais as condutas resultam desses processos de subjetivação para esses sujeitos da brasilidade. Para tanto, o caminho metodológico percorrido está fundamentado nas teorias do saber, poder e do sujeito de base arquegenealógica foucaulticana e nos pressupostos teóricos da análise do discurso de linha francesa. Para tanto, foram mobilizadas as noções: função enunciativa, arquivo, dispositivo e espaços heterotópicos. O trajeto de pesquisa percorrido apontou que os ambientes de interiores domésticos se comportaram como instituições disciplinares, exercitando processos de subjetivação/objetivação cuja finalidade primou por conduzir os sujeitos à adequação frente às necessidades políticas e socioeconômicas da modernidade. Na governamentalidade neoliberal, estes espaços terrestres de interiores domésticos, constituem-se como heterotopias de ilusão e, desta forma, os espaços divulgados pela mídia, podem ser considerados como espaços heterotópicos de compensação. A especificidade dos espaços da brasilidade é que se tornam heterotopias relacionadas ao tempo, de acúmulo e de heterocronia crônica. No que tange aos processos de subjetivação, observou-se que os espaços, em seus discursos, podem exercer seja os processos de objetivação bem como os processos de subjetivação dos sujeitos da brasilidade neoliberal. Concluiu-se que o discurso da Casa Cor São Paulo 2015 sobre a brasilidade, divulgados pelas duas revistas do evento midiático analisadas, fazem das publicações sobre os espaços de interiores domésticos elementos heterotópicos que possuem a capacidade de orientar condutas sobre a brasilidade aos sujeitos do “bem morar” neoliberal.

 

PALAVRAS-CHAVE: Biopolítica; Heterotopias; Design de interiores.

Palavras-chave: Equipes multidisciplinares

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