DEFESAS
RESUMO

 

 

Dissertação completa - Arquivo PDF

 

OFICINA DE LEITURA E A FORMAÇÃO DO LEITOR:

A recepção do texto literário por adolescentes de uma instituição não governamental do noroeste do Paraná

 

Andréia Cristina CRUZ

Andréia_projetouem@yahoo.com.br

 

Mais de um terço da população brasileira, atualmente, tem menos de dezoito anos de idade. De acordo com o último relatório da situação da criança e do adolescente, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em agosto de 2007, cerca de 75% dessas crianças e adolescentes são oriundos de famílias de baixa renda. O mesmo relatório aponta para os riscos e problemas que os mesmos enfrentam, entre eles trabalho infantil, evasão escolar, marginalidade, drogas, prostituição, violência e mortalidade. Com isso, surgem muitas organizações não-governamentais (ONGs) que tentam contribuir, de alguma forma, com a melhoria de vida desses jovens. Segundo dados da Secretaria Nacional de Assistência Social, hoje existem no Brasil, devidamente cadastradas e documentadas, aproximadamente dezessete mil ONGs que atendem em torno de nove milhões de jovens. A constatação de que pouco se tem estudado sobre a leitura nessas instituições instigou-nos à pesquisa em uma entidade não-governamental, situada no noroeste do Paraná, que apresenta como missão a promoção do ser humano, tendo a leitura como uma de suas estratégias. Sabemos que para formar um indivíduo leitor são necessários empenho e organização de diferentes instâncias sociais. Dessa forma, justificamos nosso estudo pela necessidade e importância de se refletir e diagnosticar as práticas de leitura desenvolvidas por essa ONG. Escolhemos como percurso metodológico uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico e de natureza aplicada. Temos como objetivo investigar a recepção de textos literários por adolescentes atendidos pela entidade. Para tanto, realizamos uma análise sobre o trabalho de leitura já realizado e aplicamos uma Oficina como forma de oferecer mais uma proposta para trabalhar a leitura na entidade. O diagnóstico do trabalho desenvolvido com a leitura foi feito por meio de observações e de aplicação de questionários à Monitora da Biblioteca, à Monitora da Oficina de Comunicação e aos adolescentes. Nesse diagnóstico, verificamos que a entidade preocupa-se com a promoção da leitura entre os adolescentes, no entanto necessita investir na valorização, na capacitação e na formação dos responsáveis pela mediação da leitura. A partir do diagnóstico e de posse das informações sobre o Horizonte de Expectativas dos adolescentes planejamos a Oficina de Leitura em conformidade com o método recepcional desenvolvido por Bordini e Aguiar (1988) mediante os pressupostos teóricos da Estética da Recepção. A Oficina foi aplicada em uma turma de dezesseis adolescentes entre onze e treze anos, os quais participaram ativamente das atividades propostas e, ao se manifestarem na etapa de questionamento do Horizonte de Expectativas, 100% deles afirmaram gostar de ler e demonstraram que a leitura do texto literário promoveu a reflexão e o posicionamento deles diante de uma situação representada no meio ficcional, mas que tem contato com o mundo real em que vivem. A leitura do texto literário, desse modo, evidenciou a função humanizadora da Literatura a que trata Antonio Candido (1972). Esse estudo sobre a leitura na entidade, sobretudo o diagnóstico, contribuiu para a reflexão de outras possibilidades de se trabalhar com a leitura e pela necessidade de melhoria do regime de trabalho dos monitores. Atualmente, a coordenadora empenha-se em firmar um convênio com o município para que este disponibilize alguns professores da rede municipal para prestarem serviços na Escola Oficina Cidadão do Amanhã.

 

Palavras-chave: Formação do Leitor; Oficina de Leitura; Instituição não-governamental.