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APARIÇÃO, ESTRELA POLAR E ALEGRIA BREVE: CORRESPONDÊNCIAS E CONTRASTES UMA LEITURA DAS RELAÇÕES HOMEM-ESPAÇO EM VERGÍLIO FERREIRA

Ana Cristina Fernandes Pereira Wolff

 anacris.wolff@gmail.com

 

Entre os escritores contemporâneos portugueses, Vergílio Ferreira (1916-1996) destaca-se, sobretudo, pela problemática que persegue: um profundo humanismo, marcado pela inquietação do homem enquanto ser no mundo. Segundo alguns críticos, as obras vergilianas trouxeram uma renovação estilística à literatura portuguesa, algo de novo depois de Eça de Queirós, o que impulsionou a ficção portuguesa e abriu novas perspectivas para a montagem do romance. Entre suas obras, Aparição (1959), Estrela Polar (1962) e Alegria Breve (1965) situam-se dentro daquilo que a crítica costuma chamar de ciclo existencial, compondo uma trilogia em que a condição humana é investigada profundamente. Dada a importância dessa trilogia no conjunto da obra de Vergílio Ferreira e lembrando que a mesma é permeada por uma perspectiva existencialista – à qual interessa a existência particular do homem, sua subjetividade, seu estar no mundo – esta pesquisa debruça-se sobre esses três romances com o objetivo de observar a relação do homem com os espaços que o circundam. Nesse sentido, importa verificarmos: como são apresentados os vazios do texto em termos de temáticas, símbolos, posicionamento filosófico e estruturas narrativas; quais são os efeitos suscitados pelo texto, em função desses vazios e da linguagem particular; quais os aspectos divergentes e convergentes no corpus escolhido; como as obras conduzem à reflexão em torno da condição humana e, a partir daí, qual a imagem de homem emanada das mesmas. Para tanto, buscando dialogar com outras pesquisas acadêmicas envolvendo textos vergilianos e procurando contribuir para a fortuna crítica do escritor, mas principalmente procurando trazer algo de novo, este trabalho é orientado pela Teoria do Efeito Estético, de Wolfgang Iser. Dessa maneira, está organizado da seguinte maneira: inicialmente, fazemos o levantamento de algumas considerações básicas sobre o romance e a teoria da narrativa, enfatizando o espaço; a seguir, discutimos os pontos mais importantes da teoria de Iser, privilegiando a concepção de leitor implícito, a interação texto-leitor, o repertório, as estratégias e os vazios do texto; posteriormente, apresentamos uma breve introdução ao pensamento existencialista; finalmente, contextualizamos Vergílio Ferreira na ficção portuguesa. Após o percurso teórico, fazemos a leitura individual de cada romance, observando a construção do discurso narrativo e, principalmente, a relação das personagens (os protagonistas – Alberto, Adalberto e Jaime) com o espaço, destacando os recursos temático-estéticos e a configuração dos vazios textuais. Por fim, apresentamos a análise comparativa de Aparição, Estrela Polar e Alegria Breve, evidenciando tanto semelhanças como importantes diferenças em relação à temática, à linguagem, ao estilo, à própria estrutura narrativa e, especialmente, à interação homem-espaço. Se a verdade é algo subjetivo, como postulam os existencialistas, também a relação do homem com o espaço é muito singular, particular, profundamente ligada ao seu existir, o que notamos nas obras estudadas.

 

Palavras-chave: “Espaço”; “Recepção de leitura”; “Existencialismo”.