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PELAS NOITES: IDENTIDADES HOMOERÓTICAS EM CAIO FERNANDO ABREU

 

Wagner Vonder Belinato

wbelinato@yahoo.com.br

 

Entre os anos 1970 e 1996, Caio Fernando Abreu publicou uma centena de obras. Reunidos em livros de contos ou nos romances Limite branco e Onde andará Dulce Veiga ?, que o autor usou para falar de sentimentos e conflitos humanos. Tal qual um Don Quixote, imagem presente em um de seus textos teatrais, ele falou ainda, de maneira igualitária, de um grupo por muito tempo relegado, o dos homossexuais. Pelas mãos do autor, o grupo recebeu uma abordagem séria e comprometida. Esta abordagem, atribuída a uma posição cada vez mais participativa do contista nos fez refletir sobre a condição e da abordagem dada ao grupo em sua obra maior. Em um mundo transformado rapidamente em repressivo, e aqui se fala dos períodos ditatoriais no Brasil e na América Latina, principalmente durante os anos 1964 até aqueles chamados da “Abertura”, a partir dos anos 1980, o escritor não parou de publicar. Na contramão da repressão, manifestou-se sempre com mais esforço, sempre mais favorável à aceitação do grupo Gay, do qual o mesmo era parte representativa e privilegiada. Jornalista, ele falava de uma posição privilegiada, enquanto a maioria dos outros homossexuais era obrigada a calar-se. Ele tinha, desta maneira, a palavra, o poder de ser publicado em um mundo que se escondia. Tendo como base tais informações, este estudo aparece, com a intenção de esclarecer ainda mais a já rica bibliografia sobre o autor, requerendo espaço em tais discussões. Com isto em mente, a análise da novela Pela noite, de 1983, e dos contos Aqueles dois, de 1982 e Uma praiazinha de areia bem clara, ali, na beira da sanga, de 1988, visa uma abordagem do tema da homossexualidade, assim como a construção das personagens que se debatem em tais histórias. Seja seguindo a história dos autonomeados Pérsio e Santiago em Pela noite, aos quais esta análise dispensa maior tempo tendo em vista a grande concentração de referências e de jogos propostos nesta obra, criando relações de amor e de intenções escondidas, assim como de subentendidos, seja seguindo a trajetória de Raul e Saul e o amor chamado inocente, surgido ocasionalmente em Aqueles dois, ou mesmo observando Dudu e seu algoz a abordagem pretendida nos permite ver, no contexto histórico das obras do autor, da sociedade assim como das leituras feitas de suas obras, a abertura que permeou o tema da homossexualidade. Existe, portanto, uma reflexão precedente, que visa abrir caminhos na pósmodernidade, época reconhecida e na qual surgiu todo o corpo da obra do autor. Talvez as discussões tenham evoluído, em parte, graças ao trabalho de ourives de Caio Fernando Abreu.

 

Palavras-chave: literatura queer; identidade; pósmodernidade; Caio Fernando Abreu; homossexualidade.