DEFESAS
RESUMO

 

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práticas de resistência em antônia: identidade.

representação e exclusão social da mulher negra da periferia

 

Viviane dos Santos Gomes

vivianeregilio@hotmail.com

 

Historicamente, os acontecimentos políticos e sociais demandam reflexões, sobretudo no que se refere à maneira como a mídia exerce influência no comportamento e no modo de pensar das pessoas, em como elas se veem e veem os outros, e na construção das próprias identidades (KELLNER, 2001). Em virtude disso, estudar a mídia em busca da compreensão de diferentes formas de interseção entre ela e tais acontecimentos é o princípio no qual nos pautamos para a escolha da temática desta pesquisa: as práticas de resistência na constituição identitária e de representação da mulher negra brasileira e da periferia na mídia televisiva e, percebendo a mobilização midiática em torno dessa tematização, a questão que nos inquietou é se o seriado Antônia, no jogo singular de um acontecimento discursivo midiático, é um marco do movimento sociocultural e político de afirmação, que, contrapondo-se ao passado, constrói no presente a representação da mulher negra brasileira pós-moderna, conferindo-lhe identidades reconhecidas, pela força motriz da resistência, às formas de subjetivação dadas historicamente. Em busca de possíveis respostas para esse questionamento, levantamos três hipóteses: (i) o seriado Antônia inscreve-se na emergência do movimento estético e cultural pelo qual a mídia busca instituir novas representações de sujeitos à margem da sociedade dentre os quais a mulher negra; (ii) a nova representação dos sujeitos negros na mídia nacional inspira-se no modelo afirmativo construído pela mídia norte-americana; (iii) a identidade Antônia é marcada pela diferença inscrita na relação homem-mulher, cujos efeitos de verdade atribuem ao universo masculino uma supremacia sobre o feminino. Nesse sentido, à luz da teoria da Análise do Discurso de Linha Francesa, sob uma perspectiva foucaultiana sobre história, poder, saber, produção de subjetividades e subjetivações; estudos acerca da memória (DAVALLON, 1999; ACHARD, 1999); e da identidade e diferença na pós-modernidade/modernidade líquida (HALL, 2006; BAUMAN, 2001; SILVA, 2000; WOODWARD, 2000), entre outros dispositivos teóricos, servimo-nos do seriado Antônia, exibido em 2006 pela Rede Globo, como objeto desta pesquisa, uma vez que suas condições de existência possibilitam, nas relações de saber-poder, história e memória, a compreensão dos processos de representação e de constituição identitária da mulher negra da periferia, na mídia televisiva, de modo a confirmar as hipóteses sobre as identidades construídas na televisão acerca desses sujeitos marginalizados. Isso posto, o objetivo geral desta pesquisa é compreender como são constituídas no período pós-moderno, em que se instaura a crise do regime patriarcal e a glamourização da pobreza, da violência e da periferia, na mídia, as identidades e as representações da mulher negra brasileira nas relações de saber/poder, história e memória, em Antônia.

 

Palavras-chave: mulher negra, identidade, resistência.