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RESUMO |
Dissertação completa - Arquivo PDF
DO IMPEACHMENT DE DILMA AO GOLPE À
DEMOCRACIA: O FUNCIONAMENTO IMAGINÁRIO DE UM DISCURSO DE
RESISTÊNCIA Vivian Elis Golfetto Ramos vivian_elis@hotmail.com Esta
dissertação analisa os pronunciamentos da ex-presidente brasileira Dilma
Rousseff, desde o resultado de sua reeleição (2014) até o fim do processo de impeachment (2 de dez. 2015 - 31 de ago.
2016). Tem-se como objeto de investigação o funcionamento imaginário produzido
em seu processo de resistência a uma imposição de impeachment designado por ela como golpe, a partir de uma tomada de
posição no discurso. Tendo em vista que é um processo contra a primeira mulher
reeleita presidente por um processo democrático, deu-se voz a esse sujeito
político, para que a versão dela como golpe pudesse ser melhor compreendida
pelo viés do funcionamento de seu discurso de resistência, uma vez que a grande
mídia construía a narrativa do processo como impeachment. As condições de produção de seus discursos em pleno
desenrolar de suas ações governamentais, por si só, já implicavam em quebra de
rituais e levou ao seguinte questionamento: Considerando o lugar social de
Presidente da República, de que modo as relações imaginárias sustentam um
discurso de resistência ao impeachment?
Teoricamente amparada pela perspectiva discursiva de Michel Pêcheux, e de seus
releitores no Brasil, e dialoga-se com autores da teoria política. Pôde-se
então organizar as sequências discursivas que nos permitiram analisar como se
constrói o funcionamento dos discursos de Dilma Rousseff e verificar se eles
sustentam ou não um discurso de resistência ao processo de impeachment. Como resultado,
identifica-se que Dilma projeta em seus discursos imagens de presidente
legitimada pelo processo eleitoral, de defensora da democracia representativa e
de inocente das acusações, produzindo, como efeito de sentido, uma imagem de
que quem ocupasse o cargo dela com o fim do processo não teria a legitimidade e
estaria desrespeitando a democracia e, consequentemente, a Constituição. Sobre
a imagem de seus interlocutores, a análise mostrou que eles se dividiam em
apoiadores, que incluíam os que não compactuavam com seu projeto de governo,
mas que pela democracia ela convidava a lutar com ela contra o impeachment; e em adversários, que pelo
seu discurso pode-se concluir que formavam dois grupos: os inconformados com o
resultado das eleições e os traidores que faziam parte de sua base aliada, mas
que se aliaram à oposição, ambos com o efeito de sentido de ilegitimidade e
descumprimento da lei que descaracterizam a designação do processo de impeachment, construindo a imagem de
golpe. Sobre o referente, Dilma traz em seus discursos que, embora previsto na
Constituição de 1988, o impeachment
se legitima na medida em que um crime de responsabilidade o sustenta. Como ela
alegava não ter cometido nenhum crime, o processo em sua formação discursiva
passou a ser designado como golpe e atentado ao Estado Democrático de Direito. .
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