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PRÁTICAS DISCURSIVAS MIDIÁTICAS NA/SOBRE A IDENTIDADE

DO JORNALISTA SEM DIPLOMA

 

Vinícius Durval Dorne

dorne.vinicius@gmail.com

 

O presente trabalho busca compreender como se materializam as práticas discursivas midiáticas que objetivam/subjetivam o sujeito jornalista após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), ou seja, como se dá o processo de construção da identidade do profissional da comunicação pelo/no discurso de forma a (não) justificar a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Tomamos como um acontecimento discursivo a votação do STF realizada em 17 de junho de 2009, a qual decidiu que o diploma não é mais requisito obrigatório para o exercício do Jornalismo, porquanto essa decisão foge à rede casual, promovendo o surgimento e a transformação dos saberes em nossa sociedade, especialmente no campo da comunicação social, no do profissional jornalista e em novas formas de exercício de poder nas mais ínfimas relações sociais. A partir desse acontecimento, novos discursos puderam ser produzidos, transformados, rememorados, silenciados. Para tratarmos dessa temática, analisamos seis enunciados produzidos pela mídia (revistas Veja e IstoÉ e os jornais Folha online e O Estadão), utilizando como aporte teórico-metodológico a Análise de Discurso de linha francesa (AD), especialmente os pressupostos arqueogenealógicos do filósofo Michel Foucault. Assim, ainda buscamos, nessa pesquisa, marcar a presença do filósofo Michel Foucault no interior da corrente teórica denominada AD de linha francesa, ressaltando as contribuições desse pensador francês para a teoria do discurso. Para a análise empreendida, também nos valemos de reflexões dos Estudos Culturais sobre a questão da identidade na pós-modernidade (ou modernidade tardia), reoperacionalizando-as num viés discursivo. Em uma análise que esteve direcionada para a importância da compreensão do discurso como “prática” e do enunciado como uma “função”, o que comporta um princípio de diferenciação, posição de sujeito, campo associado e suporte material, observamos que a identidade do jornalista é construída em torno de noções como a liberdade de informação e de expressão e do “dom” como algo inato e/ou adquirido pela experiência no exercício da profissão, mas também está ligada a um sujeito que é contrário à exigência do diploma, uma vez que esse instrumento fere a liberdade de expressão e de informação, bem como a  todo e qualquer sujeito que simplesmente queira ser jornalista e propagar a informação, principalmente pelo fato de o diploma não ser mais obrigatório. Se antes a identidade do jornalista se marcava pela diferença entre os sujeitos provenientes de outras formações superiores e dos “colaboradores” presentes nos veículos de comunicação, as práticas discursivas midiáticas procuram circunscrever todos esses sujeitos, englobando-os na mesma denominação de jornalista. Esse estudo aponta para o fato de que as identidades – atualmente fragmentadas, voláteis, mutáveis – estão intimamente alicerçadas na historicização e construídas em relação a ela, e, consequentemente, a determinados campos do saber e exercícios de poder. A mídia, nesse bojo, tem ocupado papel preponderante, ao ser a grande produtora de identidades, dizendo aos sujeitos qual a “posição-de-sujeito” a ser tomada/ocupada, incluindo-os, designando-os, unindo-os, mas também classificando-os, excluindo-os, interditando-os. Considerando que a busca e a construção identitária são constantemente disputadas, agenciadas nessa dinástica do poder, ressaltamos que compreendê-la é dar um passo em direção ao nosso próprio interior, àquela questão que nos punge há muito tempo: “quem eu sou?”.

 

Palavras-chave: análise de discurso; diploma; identidade do jornalista.