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UMA OBRA CHAMADA HAYAO MIYAZAKI: A BUSCA PELA SINGULARIDADE NO CINEMA DE ANIMAÇÃO

Verônica Braga Birello

vbirello@gmail.com

Esta pesquisa tem por objetivo principal analisar o funcionamento discursivo dos enunciados fílmicos do diretor japonês Hayao Miyazaki a fim de verificar como seus modos de enunciação são regulares e se podem ser considerados singulares. Trata-se de um trabalho pertencente ao campo da Linguística, especificamente da linha de pesquisa Estudos do Texto e do Discurso, tomando como base teórica principal a Análise de Discurso de linha francesa (AD), na perspectiva foucaultiana, como fundamento norteador teórico-analítico. Nosso material de pesquisa constitui-se de dez longasmetragens dirigidos por Miyazaki que foram recortados em corpus de análise durante o estudo que se expõe a seguir. Partindo da análise do discurso, nossa metodologia de trabalho iniciou-se pela problematização do material e o recorte do corpus, de forma a não buscar uma cronologia e sim uma arqueologia dos filmes e seus enunciados. Sintetizamos nossas inquietações a partir da questão: como a condição de existência de enunciados na filmografia de Miyazaki pode se mostrar singular em meio a produções que também atingiram a grande massa? Assim, da leitura do arquivo construímos e analisamos um corpus discursivo por meio das regularidades que nos foi possível identificar na filmografia do diretor. Além disso, Miyazaki se constitui, enquanto objeto do discurso, como cineasta, como artista artesão, ou seja, ele produz artesanalmente suas películas, deslocando a tecnologia para conseguir efeitos artesanais e dirigindo cada cena que vai à tela. Mobilizamos uma série de ideias propostas por Foucault (2001; 2008; 2014) e outros filósofos como Canetti (2014), Sloterdijk (2002) e Hara (2007; 2012) para pensar da constituição da singularidade do enunciado. Autores como Lamarre (2009), Carrière (2015) e Rancière (2012) foram evocados para discutir as questões do fazer cinematográfico e ainda Geertz (2015) e Ogihara-Shuck para tratar a cultura em diferentes etapas do trabalho. Diante disso, nosso percurso de análise nos propiciou identificar que as escolhas do diretor em seus modos de enunciação e em sua forma de subjetividade apontam para a singularidade dos enunciados de sua obra. Os resultados fizeram aparecer, também um sujeito que por meio da prática de uma ética e escrita de si, faz emergir, nos processos dos modos de fazer e da pensabilidade destes modos, uma singularidade enunciativa que chamamos Hayao Miyazaki. Suas estratégias determinam seu cinema enquanto resistência, em meio a exercícios de poder, tanto por dar condição de existência a esses enunciados e a enunciados outros, como por escolher fazer um filme, enquanto um sujeito ético, que pode permanecer à margem daquilo que se entende como cinema comercial e/ou de massa.  

Palavras-chave: singularidade; cinema de animação japonês; análise do discurso

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