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RESUMO

 

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HOWL’ S MOVING CASTLE: DO VERBAL AO IMAGÉTICO - A FUNÇÃO AUTOR, A INTERPRETAÇÃO E A TRADUÇÃO

 

Verônica Braga Birello

vbirello@gmail.com

 

Nessa pesquisa, pensamos a autoria enfocando a função autor, um conceito proposto por Foucault (2000a) que caracteriza um lugar vazio que um dado sujeito pode assumir ao realizar a complexa tarefa de (re)organização discursiva. Sendo assim, nossa proposta visa a compreender o funcionamento discursivo dessa função na tradução para uma materialidade diferente de uma obra literária. A literatura possibilita uma pluralidade de olhares que nos permite articular teorias e conceitos em busca da compreensão de fenômenos presentes no cotidiano. No início do século XXI, as narrativas representantes do gênero maravilhoso ganham destaque proporcionando a publicação e reedição de históricas como Harry Potter de J. K. Rolling, O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien, As Crônicas de Nárnia de C. S. Lewis. Todas essas obras de sucesso foram produzidas cinematograficamente e têm um lugar de origem comum, o Reino Unido, local onde podemos encontrar o livro Howl's Moving Castle de Diana Wynne Jones, que constitui parte do corpus de análise desse trabalho juntamente com sua tradução para o cinema intitulada Hauru no Ugoku Shiro, do diretor japonês Hayao Miyazaki. Nesse contexto, a autoria é uma questão amplamente discutida. Diante disso, buscamos construir um percurso que unisse a teoria e a análise o que nos possibilitou expandir nosso foco não sendo limitado à função autor, mas tratando ainda da tradução, com enfoque na caracterização das personagens e a mudança de materialidade, além de discutirmos o processo de interpretação do diretor e a caracterização de uma nova obra, por meio da tradução. Para a análise, organizamos nosso corpus em tabelas que foram montadas por frames de cenas do filme correspondente ao descrito no livro quando falamos dos personagens e cenas modificadas, e compostas apenas por imagens quando tratamos de cenas inseridas. Por meio desse trabalho nos foi possível observar que a função autor se realiza na transposição do texto escrito para a materialidade fílmica na figura do diretor que, em dado momento, ocupa esse espaço vazio, chamado por Foucault (2000a), de função autor. Assim, seria ocupando essa posição que o diretor consegue realizar a complexa tarefa de selecionar, organizar, excluir, modificar, inserir enunciados e, ao mesmo tempo, deslocar sentidos. Mostrou-se possível dizer, em nosso percurso teórico-analítico, que efeitos de sentido diferentes são produzidos nesse processo, ou seja, além de transformações, temos inserções e exclusões que podem significar diferentemente para o público espectador que, no ato e no gesto do interpretar, pode corroborar com o status de autor do diretor.

 

Palavras-chave: análise do discurso; função autor; tradução.