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IDENTIDADE DO INDÍGENA NO PARANÁ E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONFLITOS ENTRE DIVERSIDADE CULTURAL E INCLUSÃO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE

 

Thaís Almeida Marconi

thais_marconi@hotmail.com

 

O desenvolvimento sustentável é um princípio que compreende a capacidade de atender as necessidades do presente sem comprometer os recursos naturais para as gerações futuras, razão de integrar as políticas emergentes da contemporaneidade. Tem por alvo a população, por isso se exerce pela governamentalidade e, em razão da dinâmica em que atua e pelas articulações que mantêm com a égide da diversidade cultural, mobiliza relações do homem com o planeta Terra e determina os lugares a serem ocupados pelos diferentes sujeitos, política e socialmente. Dadas as condições de existência de ser a diversidade cultural um elemento agregador das diferenças, cria-se a possibilidade de se tornar catalisador do desenvolvimento sustentável, uma vez que a sustentabilidade implica a homogeneização cultural e a aculturação de uma sociedade para promover a igualdade. O conflito entre essas duas forças políticas levou-nos à seguinte questão: os materiais didáticos e paradidáticos em uso, nas escolas indígenas do Estado do Paraná, ao tratarem da história e da cultura de seus povos e do ecossistema, constituem identidades para o sujeito indígena sob a perspectiva da diversidade cultural, tendo em vista as mobilizações socioculturais estabelecidas por políticas nacionais de inclusão, na contemporaneidade? A complexidade inerente à indagação sobre a identidade indígena tornou-se foco central para esta pesquisa, a qual fundamentada nas teorias da Análise do Discurso de linha francesa, dos Estudos Culturais e da História, serviu-se das categorias: discurso, função enunciativa, história, memória, saber-poder, governamentalidade, biopoder e identidade para a prática analítica, desenvolvida por meio do movimento descritivo-interpretativo arqueogenealógico. Na expectativa de que os estudos aqui empreendidos pudessem contribuir com a área de Estudos do Texto e do Discurso, em especial, àqueles que se interessam pelas causas indígenas, a presente pesquisa teve por objetivo estabelecer o modo como se constituem as identidades do indígena pelos princípios da política do desenvolvimento sustentável, em discursos iconográficos, circunscritos ao campo educacional. Assim, os resultados obtidos, pelo percurso estabelecido e pelas análises do corpus desenvolvidas, apontam que a constituição identitária do indígena é fragmentada, deslocada a ocupar, discursivamente, lugares diferentes, por isso, não é única. A constituição identitária indígena revela-se, pela perspectiva do desenvolvimento sustentável, como gestor ambiental que não tem mais o idoso como detentor do saber, mas crianças e jovens; há, por este formato, o deslocamento do sujeito de direito pela inversão de papéis. Em contrapartida, ele é concebido como gestor do ecossistema e segregado ao seu território, por isso, um índio mítico ressignificado. Daí sua condição de sujeito incluído é garantida pela atuação política e pela participação universal em prol do bem-comum, o ecossistema.

 

Palavras-chave: Discurso Iconográfico; Desenvolvimento Sustentável; Identidade Indígena.