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RESUMO

 

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A DIALÉTICA EM AÇÃO NO TEATRO DO CENTRO POPULAR DE CULTURA - CPC: MEDIAÇÕES ENTRE ARTE E SOCIEDADE 1961-1964

 

Thaís Aparecida Domenes Tolentino

thtolentino@yahoo.com.br

 

Este trabalho tem como objetivo atualizar o debate acerca do teatro produzido pelo Centro Popular de Cultura (CPC) entre os anos de 1961 e 1964 e suas ressonâncias no processo de disseminação do teatro moderno e político para além do eixo Rio – São Paulo. Ao tomar parte no processo histórico e social que se configurava no Brasil durante os anos que antecederam o golpe civil-militar de 1964, o CPC empreendeu uma produção cultural e artística voltada para a atuação política direta, trilhando o caminho da busca por novas formas capazes de aproximar e exprimir os novos conteúdos, bem como subverter a lógica da produção artística e cultural, instrumentalizando inúmeros grupos da sociedade civil organizada que ganhavam corpo na época. Para realizar esse projeto, iniciamos com um estudo do percurso histórico do teatro épico que foi base para o CPC. A montagem de peças como Eles não usam black-tie, em 1958, de Gianfrancesco Guarnieri, e Chapetuba Futebol Clube, em 1959, de Oduvaldo Vianna Filho, no Teatro de Arena, representaram uma verdadeira guinada no teatro brasileiro, deixando claro que uma arte dramatúrgica voltada para as questões nacionais estava na ordem do dia. A partir de Revolução na América do Sul, em 1960, de Augusto Boal, e A mais-valia vai acabar, Seu Edgar, em 1961, de Oduvaldo Vianna Filho, o teatro brasileiro passa a ser pensado não só em termos de expressão de conteúdos de cunho nacional, mas principalmente, em termos de constituição de uma forma genuinamente nacional e popular. Além disso, a vasta produção dramatúrgica do CPC, na qual se incluem também um teatro de agitação e propaganda, não deve ser analisada dissociada dos seus contextos de produção: ao se aproximar dos conteúdos sociais imediatos e circunstanciais, ao contrário do que pensa o senso-comum da crítica, essas peças ultrapassam o âmbito do caráter panfletário e são decisivas na formação de um teatro de militância no país. As reverberações do projeto político, cultural e artístico inaugurado pelo CPC se fizeram sentir também no contexto paranaense, especialmente voltado ao desenvolvimento de um grande movimento de teatro amador no Estado, bem como à consolidação efetiva dos grupos de teatro nos contextos estudantil e universitário. Busca-se, assim, analisar as articulações existentes entre arte e processo social, mostrando não só a atualidade do grupo, mas também compreendendo o teatro político feito pelo CPC como marca de um período do desenvolvimento do panorama teatral brasileiro, um teatro que procurou tanto trazer ao palco, quando ressoar até o povo, as vozes caladas na sociedade a partir dos anos que antecedem o golpe militar de 1964.

 

Palavras-chave: literatura e sociedade; teatro moderno brasileiro; Centro Popular de Cultura