DEFESAS
RESUMO

 
Dissertação completa

 

METÁFORA E ESPETÁCULO NO DISCURSO DE

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DA MÍDIA

 

SILVIA REGINA NUNES

educaguaraci@onda.com.br

 

Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre as relações entre discurso científico e discurso midiático (jornalismo de revista) materializados/textualizados sob a forma de um novo gênero: o discurso de divulgação científica (DDC). Pretende problematizar como o discurso midiático é constituído com o objetivo de divulgação do conhecimento, bem como compreender como a revista cumpre seu papel de divulgação e/ou de banalização do discurso científico. Estas reflexões estão ancoradas em conceitos teóricos provindos da Análise do Discurso, principalmente os de: condições de produção (Formação Imaginária), interdiscurso/intradiscurso, memória discursiva e efeitos de sentido (PÊCHEUX,1997; ORLANDI, 2001), discurso relatado (discurso direto e indireto) tendo como base Bakhtin (1995) e a metáfora, entendida como efeito metafórico (PÊCHEUX, 1997), selecionada como conceito básico de análise para os enunciados da revista SAÙDE. Estudam-se, também, as relações entre a instauração da objetividade/subjetividade no DDC, tomando como exemplo os trabalhos realizados por Coracini (1991) e Benites (2002). Faz-se a apresentação de variadas definições sobre o conceito de Divulgação Científica entrelaçadas às opiniões de diversos estudiosos do assunto na tentativa de traçar um panorama mais amplo sobre o tema. Seqüencialmente, são introduzidas considerações sobre alfabetização e cultura científicas como formas de promoção da democracia cultural entre as pessoas. Conclui-se que há uma busca constante pela objetividade científica e jornalística, mas na medida em que os recortes são analisados, várias marcas lingüísticas apontam para a instauração de subjetividade no DDC. Aponta-se também que a mídia, na formulação e divulgação do conhecimento científico, utiliza um discurso que espetaculariza a informação (DEBORD, 2003 e GREGOLIN, 2003). A priori, os efeitos metafóricos no DDC não promovem um esvaziamento ou banalização do DC (que também utiliza metáforas em seus relatos de pesquisa), ou uma facilitação excessiva da linguagem, porque mobiliza a memória discursiva na qual o leitor está mergulhado e aciona imagens e informações que se constituem no interdiscurso promovendo uma ressignificação dos sentidos do DC no DDC e, portanto, acredita-se, num entendimento mais contextualizado das informações científicas. Contudo, numa análise mais abrangente, compreende-se que há sim uma banalização quando a mídia só se propõe noticiar os assuntos referentes à ciência e não problematizá-los e discuti-los criticamente para uma divulgação do conhecimento que supere, pelo menos, o senso comum.

 

Palavras-chave: Ciência. Mídia. Divulgação científica. Análise do discurso. Procedimentos discursivos.