DEFESAS
RESUMO

 

Dissertação completa

 

POR ENTRE OS (DES)CAMINHOS DE LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

 NO ENSINO MÉDIO

 

Rosângela Guedes Baptista

rosangelabap@uol.com.br

 

  O interesse pelo tema surgiu da necessidade de respostas a inquietações vivenciadas durante a atuação da pesquisadora no magistério, ao perceber que, nas produções textuais escolares, mesmo em final de nível de ensino, é visível a falta de intimidade entre alunos e a língua escrita. A pesquisa teve como propósito analisar as implicações que a postura adotada pelos professores exerce no desempenho comunicativo escrito dos alunos. Este trabalho se organiza, com o auxílio do Interacionismo, sob a perspectiva da Lingüística Aplicada, que tem o texto como foco no ensino de LM, o qual envolve leitura, produção e reflexão. Elegemos a intertextualidade como condição essencial de coerência para a produção de textos escolares, assim como para o desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos. A observação foi realizada em uma 3ª. série de escola pública, de ensino médio, nos meses de outubro e novembro de 2004. Adotamos a pesquisa etnográfica, a qual se revela cognitivo-textual, uma vez que seguimos alguns passos metodológicos em relação aos procedimentos (Lüdcke e André, 1986). Com base nesses princípios, 30 produções tomadas como amostras são analisadas quanto aos aspectos geradores de sentido, privilegiando os fatores de coerência: a unidade temática, a intertextualidade e a informatividade, e os esquemas cognitivos acionados na leitura.   A investigação, reconstruída pela “caminhada geraldiana” revela que as produções reproduzem algum tipo de conhecimento prévio e as marcas de leitura realizada pelo produtor, estabelecendo um diálogo intertextual, entre os textos produzidos e o conhecimento de mundo. No entanto, evidencia também que a prática pedagógica é sufocada pelo contexto ou pela estrutura sócio-educacional, e que o mau desempenho escrito de alguns alunos mantém estreita ressonância com o processo de ensino-aprendizagem a que foram submetidos, o qual, a nosso ver, possui falhas que retraem o desenvolvimento escrito desses alunos. Os resultados apurados apontam que ainda há muito a se fazer em relação ao ensino da leitura e produção textual no ensino médio, em que o livro didático abafa a voz do professor, assumindo a posição de verdadeiro produtor de sentido. Finalmente, deduz-se que para a formação de um usuário competente, que saiba usar a língua de forma adequada nas suas diferentes instâncias, é preciso que se criem condições favoráveis de ensino-aprendizagem de leitura e produção textual em sala de aula, como também que se faça um alerta sobre a importância da leitura diversificada e do exercício constante da produção textual, o que depende em grande medida do encaminhamento significativo e eficaz dado pelo professor.

 

 Palavras-chave: produção de texto; intertextualidade; ensino-aprendizagem de língua