DEFESAS
RESUMO

 

 

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A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM

DOCUMENTÁRIOS BRASILEIROS: REAL, SIMBÓLICO, IMAGINÁRIO

 

Renata Adriana de Souza

renatauem@yahoo.com.br

 

O objetivo proposto para esta pesquisa foi compreender o processo de construção de sentidos para o sujeito-criança e sujeito-adolescente em contextos de criminalidade e violência, através da análise dos documentários: Falcão: meninos do tráfico e Ônibus 174. Nosso estudo priorizou explicitar o modo como sentidos e subjetividades são construídos por meio de mecanismos simbólicos, considerando a relação entre materialidades discursivas verbais e imagéticas. Os mecanismos simbólicos são aqui considerados à luz da teoria da Análise de Discurso (AD), em relação ao real e imaginário, apoiando-nos, principalmente, em Pêcheux e Orlandi, que remetem o discurso ao jogo da língua (sujeita a falhas) na história (lugar da contradição), pensando a ideologia em sua constituição. O conceito de discurso complexo, proposto por Zen (2007) também nos fornece um suporte para pensar a relação entre as diferentes materialidades. Nesse sentido, tomamos os documentários como discurso complexo, analisando a relação entre o verbal e a imagem como lugar de produção de sentidos e de subjetividades. Em nosso processo analítico, observamos que o modo como cada documentário constrói sentidos para os sujeitos considerados é diferenciado, tendo em vista as diferentes condições de produção de cada produção e o modo como o termo meninos, presente nos dois filmes, ganha sentidos na historicidade do dizer. Em Falcão: Meninos do Trágico, os sentidos são produzidos por um sujeito-autor que pertence à favela e que expõe vozes que falam de dentro do tráfico. No interior do tráfico, o sujeito-menino é significado como fragmento e inumano, sua condição de criança é reconhecida, para, em seguida, ser negada, no contexto do crime. Por sua vez, em Ônibus 174 o sujeito-autor expõe várias vozes que falam do lugar de fora da criminalidade. Ao ressignificar a discursividade da mídia, o adolescente é subjetivado como vítima, lugar a partir do qual ele passa a ser interpretado como alguém que precisa de cuidados. Da perspectiva desses filmes, a exclusão social materializa-se como o processo de significação produzido em relação aos sujeitos: excluídos enquanto sujeitos de direito no contexto da criminalidade, sua visibilidade enquanto crianças ou adolescente é (quase) apagada. Mas, pelas falhas, pela contradição, outros lugares também estão sendo produzidos nesses espaços simbólicos, o que nos faz pensar que sujeitos e sentidos podem se movimentar na história e vir a ocupar novos lugares.

 

Palavras-chave: Documentários Brasileiros; Discurso Complexo; Subjetividade.