DEFESAS
RESUMO

 

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EM EXIBIÇÃO NOS CINEMAS: A REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA DA MILITÂNCIA DE ESQUERDA E DA RESISTÊNCIA NA DITADURA MILITAR

Rejone Valentim Alves

rejone.valentim@yahoo.com.br

 

Esta pesquisa tematiza a representação discursiva da militância de esquerda na ditadura militar e da resistência, materializadas no discurso cinematográfico de duas obras fílmicas do cinema brasileiro: O ano em que meus pais saíram de férias e Zuzu Angel, lançadas em 2006. Nossa fundamentação teórica está centrada nas contribuições de Michel Pêcheux e nas de outros autores que também contribuem para esse campo de estudo, tais como: Eni Orlandi, Suzy Lagazzi, Nádia Neckel. Contamos ainda com os estudos do campo da história e do cinema. A inquietação que deu origem a nossa pesquisa foi a de compreender como o cinema brasileiro, em sua especificidade discursiva, constrói a imagem da militância de esquerda e da resistência no regime militar. O recorte do corpus baseou-se no funcionamento discursivo manifestado pelo discurso cinematográfico dos filmes em estudo. Desse modo, nosso gesto de leitura organizou-se a partir de dois focos de análise. Procuramos, inicialmente, descrever as diferenciações gerais existentes entre os dois filmes quanto aos modos de significação da militância de esquerda e da resistência. Posteriormente nos centramos na verificação de como a demanda da militância e da resistência se constituiu em personagens que não são militantes de esquerda. O gesto de leitura que realizamos apontou que o discurso cinematográfico dos filmes sob análise conduziu, pela contradição que constituiu as formas materiais que o forma, a uma interpretação sobre a militância de esquerda. Esse discurso é atravessado por formações discursivas conflituosas: a da militância e a do Estado, já que as ideologias que as validam estão, nas materialidades fílmicas, em contradição e embate. Nesse contexto, os sentidos são organizados, dispostos e visualizados conforme a posição-sujeito de um discurso do campo cinematográfico, a qual rege a produção dos sentidos de maneira regular: a militância de esquerda e a resistência são enaltecidas pela narrativa dramática, a qual apresenta uma discursividade ora alusiva, ora estereotipada com referência ao nosso objeto de estudo. A imbricação material das formas significantes visual, verbal e sonora se complementa e constrói efeitos de sentidos referentes à militância de esquerda e à resistência. A descrição analítica por nós empreendida, ao nosso ver, possibilita concluir que o discurso cinematográfico presente nesses filmes constituem, em nossa contemporaneidade, um discurso de resistência ao regime militar, cuja luta se resume na formulação, junto ao espectador brasileiro, de um dado imaginário coletivo a respeito da  militância  de esquerda e da resistência atuantes nesse período da história brasileira.

 

Palavras-chave: discurso; cinema;ditadura militar