a fala-em-interação em sala de aula no ensino médio: Participação e construção conjunta de conhecimento em uma equipe de trabalho

Rafael Petermann

rafaelp89@hotmail.com

Resumo: Esta dissertação tem como objetivo descrever e analisar a fala-em-interação de uma sala de aula de uma escola privada de Ensino Médio de Paranavaí que trabalha com a metodologia das Oficinas de Aprendizagem. Os pressupostos teórico-metodológicos ancoram-se na Análise da Conversa Etnometodológica (ACE) e na Microetnografia, e este trabalho alinha-se a outros que também se valeram desses subsídios epistemológicos para estudarem questões de participação e aprendizagem em contextos escolares, entendendo aprendizagem como ação social (GARCEZ, 2006; 2012; SCHULZ, 2007; ABELEDO, 2008; CONCEIÇÃO, 2008; UFLACKER, 2012; LOPES, 2015). A pesquisa foi realizada por meio de trabalho de campo, que envolveu observação participante e geração de 30 horas de dados audiovisuais. As gravações foram realizadas no quarto bimestre de 2014, com uma equipe de trabalho composta por 6 alunos de diferentes séries do ensino médio, que integravam a sala de aula em que a pesquisa foi realizada. De maneira geral, o conteúdo desse corpus apontou para o fato de que os interagentes organizavam sua participação em torno de um objeto de aprendizagem tentando dar conta dele, o que serviu de base para formulação das categorias analíticas de participação e construção conjunta de conhecimento, sobre as quais se organizou esta pesquisa. Para análise mais detida dessas categorias e sistematização de resultados, foram segmentados, selecionados e transcritos quatro dados de fala-em-interação que evidenciam a organização da participação e a construção conjunta de conhecimento como evidência de aprendizagem. Os resultados mostram que, no cenário analisado, os participantes gerenciam e organizam as participações, estando orientados e engajados para uma pauta e/ou um objeto de aprendizagem tornado relevante na contingência local, por isso há, nesse contexto, oportunidades de aprendizagem. Com relação à construção conjunta de conhecimento, os métodos utilizados pelos interagentes para darem conta de um objeto de aprendizagem constituem-se em instâncias de construção conjunta de conhecimento de forma que, para produzirem um entendimento que os ajudasse a avançar na lida com o objeto, um participante é legitimado com status de conhecimento necessário para tal, e esse participante foi ora um aluno ora um professor. Por fim, os resultados corroboram o posicionamento de que estamos diante de uma sala de aula mais democrática em que alunos e professores se ratificam continuamente quanto à pauta da aula e quanto a sua competência local e situada, contribuindo para o protagonismo juvenil no processo de ensino-aprendizagem no espaço escolar.