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ENTRE RELATOS E REGISTROS: A DISCURSIVIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONJUGAL NA DELEGACIA DA MULHER DE MARINGÁ

 

Ana Paula Peron

anapaula_peron@hotmail.com

 

As Delegacias da Mulher figuram atualmente num contexto de busca a uma vida sem violências. Nesse contexto, quando as mulheres comparecem à instituição, o primeiro procedimento é o registro do boletim de ocorrência, cuja finalidade jurídica é noticiar à autoridade policial um fato aparentemente criminoso. Longe de ser apenas materialização escrita dos relatos das mulheres, esse documento obedece a certos padrões do campo jurídico, do qual a instituição é um instrumento. Em decorrência desse fato, nossa proposta é refletir sobre o processo discursivo instaurado na Delegacia da Mulher de Maringá, na elaboração dos registros referentes à violência conjugal, observando, em suas regularidades, a produção dos efeitos de sentido. Para tanto, nosso corpus compreende boletins de ocorrência e relatos gravados, com autorização escrita das mulheres, durante os registros. No âmbito da Análise de Discurso de linha francesa, abordamos inicialmente os discursos e os percursos da violência contra a mulher e da criação da Delegacia Especializada; em seguida tratamos do modo como as situações de violência se tornam discurso através da padronização institucional dos registros e, finalmente, procuramos descrever as imagens construídas sobre a conjugalidade e a violência, a partir dos lugares sócio-discursivos ocupados pela mulher e pela policial que realiza o registro das ocorrências. A importância de lançarmos o olhar sobre esse discurso institucional reside no fato de que é por meio dele que (também) se constituem os sentidos que, gradativamente, vão compondo o histórico da violência contra a mulher em um contexto específico.

 Palavras-chave: discurso institucional, Delegacia da Mulher, violência contra a mulher.