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RESUMO

 

 

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A IMITAÇÃO COMO PROCEDIMENTO CRIATIVO: INTERTEXTUALIDADE E MEMÓRIA OVIDIANA NAS METAMORFOSES DE ANTONIO DINIS DA CRUZ E SILVA

 

Pedro Berger Ferreira

pedrorum@gmail.com

 

A história da literatura é marcada por grandes momentos de inovação e de ruptura com uma tradição já consolidada entre os leitores e os produtores. Desde a Antigüidade Clássica, os autores escreviam com vistas a dar continuidade a um estilo predominante, ou, em oposição a ele, criar novas formas literárias. Dentre os autores clássicos que inovaram e criaram uma estética singular, destaca-se o poeta latino Ovídio. Em sua coletânea de narrativas em verso intitulada Metamorfoses, o autor narra, de uma maneira ainda inédita na literatura da época, as grandes transformações a partir das quais o mundo chegou à sua forma atual. Quase dezessete séculos depois, esta forma ovidiana de narrar em verso é retomada por um autor do arcadismo português: Antonio Dinis da Cruz e Silva. Em uma obra também intitulada Metamorfoses, Cruz e Silva imita a forma e os temas ovidianos, narrando o surgimento de elementos típicos do cenário brasileiro. É significativa a imitação de Dinis, pois, ao mesmo tempo em que ajuda a consolidar o estilo clássico como sendo o predominante da época, inova e introduz uma presença das terras coloniais até então pouco recorrentes na literatura do Brasil e de Portugal. Esta dissertação tem, pois, como objetivo, verificar as relações intertextuais entre as obras de Ovídio e de Cruz e Silva, apontando a originalidade neste e as fontes inspiradoras naquele. Para isso, analisaram-se todos os doze cantos das Metamorfoses de Dinis, para, amparado por um referencial teórico de literatura comparada e intertextualidade, chegar-se à análise conclusiva a respeito das relações entre as duas obras. O trabalho conclui que Cruz e Silva destaca-se, dentre seus colegas de academia, pela preocupação em não apenas fazer remissão ao clássico, mas unir o Classicismo à sua contemporaneidade. Mesmo que imitando profundamente sua fonte – em momentos que beirariam o plágio, não fosse a expressa proposta do autor – o autor português inova e introduz no Brasil um nativismo e uma visão ufanista até então, se não inéditos, pelo menos pouquíssimo populares.

 

Palavras-chave: Intertextualidade; Arcárdia Lusitana; Ovídio.