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RESUMO

 

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A HISTÓRIA DA DISCIPLINA LITERATURA NO ENSINO SECUNDÁRIO BRASILEIRO E AS AVALIAÇÕES EXTERNAS: O EXAME VESTIBULAR, O ENEM E O ENADE DE LETRAS

Patrícia Elisabel Bento Tiuman

tiumanbel@yahoo.com.br

 

RESUMO

 

Este trabalho teve como objetivo pesquisar a quem o conhecimento literário se destina atualmente e responder à seguinte pergunta de pesquisa: O fato de os textos literários se constituírem como conteúdos programáticos no Exame Nacional do Ensino Médio, nas provas dos exames vestibulares e de serem apresentados como tais nos documentos oficiais garantem que o seu ensino ocorra do modo esperado em tais documentos? O estudo teve caráter qualitativo, sendo utilizados dois enfoques metodológicos: a pesquisa bibliográfica e a documental; dentre o referencial teórico utilizado, destaca-se: Haidar (1972), Romanelli (1991), Razzini (2000; 2010), Ledesma (2010), Chervel (1990) e Goodson (1991; 1995). Para o percurso de pesquisa, foram estudadas as legislações referentes à disciplina de Literatura no ensino secundário brasileiro desde a Reforma Pombalina até reforma do Ensino Médio proposta em 2016 por meio da MP n.º 746/2016, a fim de compreender a inserção e o status  dos conteúdos de Literatura nas normativas governamentais, em relação à própria organização e natureza deste nível de ensino A apreciação dos documentos governamentais que determinam e normatizam o currículo do Ensino Médio, relacionadas à compreensão teórica sobre a leitura de textos literários neles contida orientaram as análises das avaliações externas, a saber, o vestibular, o ENEM e o Enade de Letras Português. Os resultados desta pesquisa sinalizam que, nas questões do ENEM, apesar de os textos literários serem utilizados, a abordagem realizada não avalia o conhecimento do candidato sobre as especificidades do discurso estético ou da leitura integral dos textos literários. Em relação ao vestibular, cujo corpus escolhido foi o vestibular da Universidade Estadual de Maringá, observou-se uma abordagem mais especializada da leitura literária e, principalmente, a leitura integral das obras discriminadas no Manual do Candidato. As questões exigem do candidato a compreensão das especificidades do discurso estético e das características das escolas literárias, conteúdos que são estudados na disciplina de Literatura, todavia desconsideram aspectos mais profundos da leitura literária como a desautomatização de hábitos, a formação crítica, a aculturação e a socialização do leitor. Com relação ao Enade de Letras, verificou-se a ênfase na teoria, tanto da área de Linguística quanto de Literatura. Esta avaliação pressupõe a leitura especializada de obras representativas da Literatura Brasileira e Universal, o domínio da didática, das teorias relacionadas ao ensino e da legislação educacional. Portanto, muito embora o ENEM apresente a disciplina de Literatura como um dos conteúdos de avaliação do aluno, na realidade, as questões apresentam práticas de leitura que se igualam à leitura de textos não literários, haja vista que as especificidades da leitura literária não são nelas patrocinadas. Em contrapartida, as questões do vestibular e do Enade demandam o estudo das especificidades do discurso estético e a leitura integral de textos literários. Entretanto, nem sempre a abordagem produzida nas questões permite que a leitura pressuposta ultrapasse os aspectos composicionais das obras a fim de levar a uma interpretação na qual possam ser contempladas a visão de mundo, do homem e da sociedade impressas no objeto estético, suplantando a catalogação de categorias teóricas. Por conseguinte, se tais exames não avaliam as especificidades do discurso estético a tendência é que a disciplina Literatura perca a sua função dentro dos currículos do Ensino Médio.

 

Palavras chaves: Ensino de literatura; Ensino Médio; ENEM; vestibular; Enade.

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