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RESUMO

 

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A INCIDÊNCIA DO MITO EM “CONFISSÕES DE UMA VIÚVA MOÇA” E “A MULHER DE PRETO” (CONTOS FLUMINENSES), DE MACHADO DE ASSIS

 

Míriam Zafalon Juliani

mzafalon@bol.com.br

 

Esta dissertação discute a presença de mitos clássicos gregos e do mito bíblico nos contos “A mulher de preto” e “Confissões de uma viúva moça”, da obra Contos Fluminenses (1870), de Machado de Assis. A escolha reflete a preocupação de trabalhar contos de uma antologia pouco explorada por estudiosos da obra machadiana. O sentido de mito foi discutido a partir de conceitos de estudiosos como Jean-Pierre Vernant, Junito de Souza Brandão, Joseph Campbell, Ernst Cassirer, Mircea Eliade, E. M. Mielietinski, entre outros. Entendendo mito como um conjunto narrativo consagrado pela tradição e que manifestou, pelo menos na origem, a irrupção do sagrado, ou do sobrenatural, no mundo, mas que em período posterior assumiu uma significação abstrata, pretende-se analisar como Machado de Assis utilizou os mitos tradicionais na composição de algumas de suas personagens e enredos, modernizando-as, adaptando-as ao seu tempo, sem, entretanto, diminuir a aura da sua imortalidade. Nos contos selecionados, procurou-se verificar as situações das personagens que sugerem aspectos mitológicos, a saber: Ulisses, Penélope e Telêmaco, personagens da obra homérica Odisseia, rememoradas no conto “A mulher de preto”; Eva, personagem da Bíblia; Édipo, a Esfinge e a Hidra de Lerna, mitos gregos pagãos, atualizados na narrativa de “Confissões de uma viúva moça”. A análise foi realizada tendo como referencial teórico a Estética da Recepção, teoria criada por Jauss (1994) e Iser (1999), que privilegia a presença do leitor no confronto com o texto escrito e com o ponto de vista do autor. Como resultado, é apresentada uma leitura dos contos identificados para a análise, cotejando-se o tradicional e o moderno, permitindo a comprovação da perene atualização da mitologia clássica e bíblica, sob o viés genial de Machado. Tem-se, assim, uma contribuição diferenciada aos estudos dos contos de Machado de Assis, um eterno manancial de perspectivas e de novos estudos.

 

Palavras-chave: Mito; Machado de Assis; Estética da Recepção.