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PROVA BRASIL: UMA REFLEXÃO SOBRE A CONCEPÇÃO DE LETRAMENTO

Marina Casaril

marinacasaril@gmail.com

O presente estudo apresenta uma pesquisa qualitativa do tipo documental (GIL, 2002), realizada com o objetivo  de refletir sobre a concepção de letramento de um dos testes avaliativos nacionais de maior relevância no país: a Prova Brasil. Considerando a enorme variação de práticas sociais em que os alunos brasileiros de 9.º ano se engajam, o atual modelo de prova propõe uma avaliação nacional que privilegia quais dessas práticas? Qual modelo de letramento a prova adota? Para dar conta dessa problemática, analisamos um modelo de prova de 9.º ano da Prova Brasil, disponibilizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Os pressupostos teóricos que nortearam nossa pesquisa foram os dos Novos Estudos sobre o Letramento, os quais propõem o letramento como práticas sociais observáveis não em termos de impacto social da educação, do letramento e das políticas, mas em como participantes de programas de letramento podem ser ajudados a se apoderar das práticas letradas relevantes para seu contexto (STREET, 2014). A partir desse viés, analisamos os seguintes aspectos: a concepção de letramento da prova, por meio da recorrência dos gêneros selecionados e dos padrões de interação previstos pelo teste. Em termos de resultados, pudemos perceber que tanto a escolha dos gêneros discursivos quanto a dos suportes e, muitas vezes, a das temáticas abordadas, privilegia letramentos de grupos específicos. Além disso, em termos de leitura, a elaboração das questões, em sua maioria, não prevê as práticas sociais que esses gêneros constituem, apresentando poucos elementos que auxiliariam os alunos no reconhecimento do gênero e da prática que representa, se prendendo demasiadamente aos descritores, repetindo-os em alguns casos. Desse modo, é possível afirmar que o modelo de letramento presente na prova ainda é o modelo autônomo. Além disso, um modelo de prova aplicado em todo o território nacional pode não ser suficiente para a avaliação de leitura. Isso porque, as práticas variam conforme cada comunidade e, não há como impor um “padrão” de exame que avalie todos os alunos da mesma maneira, afinal, cada relação com o letramento em português é construída local, social, cultural e ideologicamente.