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UMA INVESTIGAÇÃO FUNCIONALISTA DAS PROPOSIÇÕES RELACIONAIS ESTABELECIDAS POR ORAÇÕES PARATÁTICAS ADITIVAS E POR ORAÇÕES PARATÁTICAS JUSTAPOSTAS: RELAÇÕES RETÓRICAS DE LISTA,

DE SEQUÊNCIA, DE CONDIÇÃO E DE RESULTADO

 

Marília Gabriela Rúbio

lila_rrubio@yahoo.com.br

 

Este trabalho teve como objetivo investigar como as relações retóricas de lista, de sequência, de condição e de resultado foram estabelecidas por meio de orações coordenadas aditivas, orações coordenadas justapostas e complexos oracionais formados por orações coordenadas aditivas e por orações coordenadas justapostas. A pesquisa foi fundamentada na Teoria da Estrutura Retórica (RST – Rhetorical Structure Theory), teoria descritiva que tem como objeto estudar as relações que se estabelecem entre as partes de um texto. O corpus da pesquisa foi constituído de cinco elocuções formais do tipo aula que fazem parte do banco de dados do Funcpar (Grupo de Pesquisas Funcionalistas do Norte/ Noroeste do Paraná). As elocuções formais foram transcritas de acordo com o padrão baseado nas normas do projeto NURC (Projeto da Norma Urbana Oral Culta do Rio de Janeiro), com algumas adaptações, e segmentadas em unidades de entonação, segundo Chafe (1987). Feita a análise do corpus, observou-se que, na relação de lista, os complexos oracionais formados por duas orações foram os mais frequentes e que o conectivo E foi o único utilizado pelos informantes do corpus para estabecer essa relação. A correlação modo-temporal mais utilizada com a relação de lista foi de formas verbais no presente do indicativo. As ocorrências da relação de lista foram consideradas simétricas, ou seja, os elementos coordenados puderam permutar de posição sem que houvesse alteração semântica, com algumas exceções: em um dos casos, houve uma gradação de argumentos, ou seja, o último elemento coordenado retomava os elementos anteriores; no outro, os elementos coordenados não puderam sofrer alteração por uma questão referencial. Ao investigar-se a relação de sequência, constatou-se que os complexos oracionais formados por duas orações foram os mais utilizados pelos informantes do corpus e, quando houve a adição entre os membros coordenados, fez-se apenas o uso do conectivo E. Em relação ao parâmetro simetria/assimetria, todas as ocorrências do corpus foram consideradas assimétricas, ou seja, os elementos coordenados não podem permutar, uma vez que a relação de sequência pressupõe a subsequência temporal. Observou-se, também, que, quando o falante relatou um evento pretérito (perfeito e imperfeito), ele priorizou a relação de sequência devido à sua necessidade de narrar ou relatar um evento ocorrido que, consequentemente, deve seguir a ordem icônica. A relação de condição, por sua vez, foi expressa apenas por orações coordenadas justapostas,isto é, quando as orações coordenadas se uniram sem o uso de um conectivo, pois, apesar da coordenação sintática, houve uma subordinação semântica com valor causal que permitiu uma leitura condicional. Essa subordinação semântica foi responsável pela assimetria em todas as ocorrências desse tipo de relação no corpus. O evento pretérito apareceu praticamente em todas ocorrências, visto que os eventos coordenados obedeceram uma ordenação icônica que foi da causa para a consequência. Já a relação de resultado foi expressa por orações aditivas e/ou por complexos oracionais formados por oração aditiva e por oração justaposta, uma vez que, para se estabelecer a relação de resultado, foi obrigatória a presença dos conectivos e aí, e daí, e com isso, aí e daí enquanto MDs (marcadores discursivos). Em relação ao parâmetro simetria/assimetria, as relações de resultado foram consideradas assimétricas, pois o evento veiculado por uma oração foi resultado do evento veiculado por outra oração. No que se refere ao modo e ao tempo verbal, o evento pretérito apareceu praticamente em todas as ocorrências, porque o falante estava tratando um evento que ocorreu como resultado de outro.

 

Palavras-chave: estrutura retórica do texto (RST); construções paratáticas; relações retóricas.