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A via-CRUCIS do ser-para-a-morte em A paixão segundo G.H., de clarice lispector

 

Marco Antonio Hruschka Teles

marcohruschka@hotmail.com

 

No grande espetáculo da existência, a morte deve ser considerada como protagonista. Na concepção de Heidegger (2015), o ser da presença precisa abrir-se para a angústia, lançar-se na estranheza, antecipar-se, prever a sua morte para, então, renascer para uma existência mais autêntica, cuja relação com o outro é evidenciada. O presente trabalho, a partir de um estudo de cunho bibliográfico, analisa a obra A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector, à luz do existencialismo. O aparato teórico baseia-se substancialmente na filosofia existencialista, notadamente na obra Ser e tempo (2015), de Martin Heidegger, contando também com as reflexões de Vicente Ferreira da Silva (2009) e dos estudiosos que se aprofundaram no tema da morte e sua simbologia, como Edgar Morin (1970) e Mircea Eliade (1992). A ênfase está na trajetória mística da personagem G.H., caracterizando uma via-crucis do ser-para-a-morte. A partir do encontro epifânico com a barata, G.H., passando pelos rituais simbólicos de batismo, eucaristia e sacrifício, revive o momento mítico e, ao mesmo tempo em que neutraliza e apaga o tempo profano, lança-se em sua própria temporalidade, regenerando-se e renascendo como um ser-lançado-no-mundo-com-os-outros. Abandonando a sua antiga identidade humana, superficial, inautêntica e vazia, a personagem adota uma postura de ser-com, projetando e reconhecendo o seu ser no da barata em nome da vida pulsante no universo. Priorizando o agora em detrimento de uma vida após a morte, a mulher identifica o sagrado na harmonia entre os elementos da natureza. Além disso, ao investir em um processo de autoconhecimento, assume uma existência na qual a angústia mantém o ser da presença em constante atenção com relação ao seu poder-ser mais próprio: a morte. Esta pesquisa objetiva também contribuir com a fortuna crítica relacionada ao romance e à escritora em questão.

 

Palavras-chave: Clarice Lispector; Existencialismo; A paixão segundo G.H..

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