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RESUMO

 

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O LUGAR DE DIAS GOMES NO TEATRO BRASILEIRO: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA MODERNIZAÇÃO CRÍTICA

 

Marcio da Silva Oliveira

E-mail: prof.marcioliveira2015@gmail.com

 

RESUMO

Essa tese objetiva estudar a obra teatral do escritor Dias Gomes sob o enfoque do materialismo dialético e do teatro épico. Para isso, nos propomos realizar um recorte para destacar momentos representativos de sua contribuição ao processo de modernização do teatro brasileiro. Além disso, é necessário perceber como ele se utiliza de correntes estéticas europeias, que exerceram grande influência no teatro brasileiro moderno, e se aproxima de grupos teatrais e de outros autores teatrais (ou de outras manifestações literárias) para contribuir com a formação de um sistema teatral brasileiro. Discussões sobre as relações entre arte e sociedade, o processo de modernização do teatro brasileiro e a contribuição de Dias Gomes à formação de um sistema teatral nacional formam, assim, o tripé no qual se sustentam os propósitos da tese. Em cada capítulo, enfatiza-se o modo como ele se apropria de propostas estéticas como forma de perspectivar o momento histórico, assim como se aproxima de outros autores e grupos caros a essa problematização. No primeiro capítulo, procuramos revisitar certos movimentos de reformulação teatral e de crítica (opereta, comédia de costumes, elementos do expressionismo e do naturalismo) até as décadas de 1940 e primeira metade da década de 1950, e como isso é formalizado na peça Os cinco fugitivos do Juízo Final em sua aproximação com A moratória, de Jorge Andrade. Além disso, ressalta-se a influência em Gomes dos propósitos da segunda geração do romance moderno, mediante aproximação temática da peça Eu acuso o céu com o romance Vidas Secas. No segundo capítulo, escolhemos as peças O pagador de promessas, O Santo Inquérito e A Invasão para destacar como o dramaturgo se insere no contexto anterior ao golpe de 1964, utilizando-se de um realismo afeito ao teatro épico para enfatizar a necessidade de desconstrução do herói tradicional, com características herdadas da tragédia grega, com vistas à crítica das verdades cristalizadas na sociedade. Para isso, destaca-se a sua aproximação com as propostas do Teatro de Arena, em especial, com a peça Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri e, novamente, com a dramaturgia de Jorge Andrade, com a peça Vereda da salvação. O terceiro capítulo marca a aproximação da obra de Gomes com a de Chico Buarque e a de Augusto Boal através do estudo das peças O berço do herói, Roda viva e Arena conta Tiradentes em um contexto imediatamente posterior à instauração do golpe no qual, através da análise de personagens despsicologizados, busca-se uma leitura crítica que vise destacar a figura do herói em contextos retratados tanto pela perspectiva alegórica do todo quanto pela forte crítica à indústria cultural vigente. No quarto capítulo, em contexto político marcado pelo autoritarismo (décadas de 1960 e 1970), focalizamos as estratégias de Gomes para permanecer fiel à sua temática, driblando a truculência da censura através do uso da alegoria e formalizando questões importantes mediante a exploração do conceito de nacional-popular. Nesse sentido, serve à sustentação do capítulo a análise das peças O túnel, vargas e O rei de Ramos, em diálogo com textos de Chico Buarque (A ópera do malandro), de Gianfrancesco Guarnieri (Ponto de partida), ou mesmo de Brecht (A resistível ascensão de Arturo Ui). Por fim, o último capítulo destaca os propósitos do autor, já como pensador de teatro, a partir do início do processo de reabertura democrática (1979), em transitar entre outras formas teatrais e de experimentar novos meios ficcionais (TV, rádio, cinema), permanecendo fiel à sua temática nacional-popular. Nesse sentido, cabe uma análise à sua formalização estética pelas peças Campeões do mundo e Meu reino por um cavalo, em diálogo com Vianinha (Rasga Coração) para perceber como as questões sociais estão mais conectadas ao passado em que foram forjadas do que à compreensão do novo quadro político e social. A tese discute e atesta o papel decisivo do teatro de Dias Gomes para a modernização do teatro brasileiro, fugindo de modelos prontos e de uma concepção de arte que não leve em conta as relações entre arte e sociedade.

 

Palavras-chave: Dias Gomes; Teatro Moderno Brasileiro; Materialismo Dialético.

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