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AS INFLUÊNCIAS DO TRÁGICO NOS ROMANCES CONTEMPORÂNEOS ÓPERA DOS MORTOS E OS SINOS DA AGONIA, DE AUTRAN DOURADO

 

 

Marcio da Silva Oliveira

marcioliveira2008@hotmail.com

 

Esta dissertação tem como objetivo analisar a presença do trágico como elemento essencial nos romances Ópera dos mortos (1967) e Os Sinos da agonia (1974), de Autran Dourado. Para tanto, faz-se uso de instrumental teórico de viés comparatista e do método dedutivo de análise literária. Num primeiro momento, buscou-se a compreensão dos pressupostos da literatura comparada, com apoio, entre outros teóricos, em Mikail Bakhtin, Julia Kristeva e Gerard Genette, cujos ensinamentos - na referência geral – fundamentam as variáveis dos estudos comparatistas. Num segundo momento procurou-se captar o sentido da tragédia ática e do trágico à luz dos ensinamentos clássicos de Aristóteles e de autores modernos, como Nietzsche, Goethe, Pierre Vernant e Vidal-Naquet, Albin Lesky, Pierre Brunel, Northrop Frye, Mircea Eliade, Paul Harvey e Junito de Souza Brandão. Nos romances de Autran Dourado focalizaram-se os aspectos que melhor configuram o sentido trágico, ora reelaborado na caracterização das personagens construídas a partir dos arquétipos gregos, ora identificável em elementos textuais que tornam o diálogo romance/tragédia mais latente, tais como as constantes interferências do narrador/coro, o espaço regional caracterizado em palco da cena trágica e a presença do fatum como elemento que impulsiona a engrenagem que conduz ao desfecho trágico. Por serem Ópera dos mortos e Os sinos da agonia romances contemporâneos, destacam-se neles não somente os elementos conteudísticos de influência clássica, mas, também, os elementos de ruptura por meio do discurso peculiar do autor, como o caráter parodístico da narrativa e a forma labiríntica pela qual são desenvolvidos os enredos. Por meio das releituras dos mitos propostas por Dourado, é possível comprovar que temáticas fundamentais perpassam a história da literatura: a presumida ruptura com modelos antigos constitui-se, na verdade, um elemento provocador perene da inovação na arte literária, justificando uma constante recorrência aos pressupostos clássicos. Resulta do presente trabalho de pesquisa uma contribuição a mais à fortuna crítica de Autran Dourado, comprovando-se que o romancista reatualiza o trágico e, de novo, confere universalidade e atemporalidade à tragédia, com inegável originalidade e arte.

 

Palavras-chave: Autran Dourado; Elementos Trágicos; Tradição e Ruptura.