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MODALIDADE EPISTÊMICA E EVIDENCIALIDADE: UM EXERCÍCIO DE ANÁLISE FUNCIONALISTA EM TEXTOS ACADÊMICOS E EM ENTREVISTAS COM PESQUISADORES

 

Márcia de Freitas Santos

marcia.f.santos@bol.com.br

 

Este trabalho investiga os efeitos comunicativos produzidos pelas categorias evidencialidade e modalidade epistêmica na fala e na escrita. Para tanto, constituiu-se um corpus composto por dez artigos acadêmicos e dez entrevistas orais concedidas pelos autores desses textos. Para a análise, utilizaram-se os estudos sobre a tipologia dos evidenciais em língua portuguesa desenvolvidos por Dall’Aglio-Hattnher (2007) e a estrutura da oração em camadas de orientação funcionalista holandesa (DIK 1989, 1997; HENGEVELD 1988, 1989). Tendo em vista que as diferentes condições de produção determinam as estratégias lingüísticas que serão usadas, procurou-se verificar no corpus a indicação da fonte da informação (domínio evidencial) e a avaliação que o falante faz sobre o valor de verdade de sua afirmação (domínio modal). Considerando-se a oração como uma estrutura hierárquica constituída por várias camadas, passou-se a analisar os modalizadores epistêmicos que incidem sobre a predicação e a proposição. Ao qualificar epistemicamente uma proposição, “o falante toma a responsabilidade pessoal em relação ao conteúdo da proposição, e assinala o grau de sua certeza em relação à verdade ou validação desse conteúdo” (NEVES, 2006). Por outro lado, no nível da predicação, o falante avalia a realidade do estado de coisas designado pela predicação, independente de sua opinião pessoal. A análise do corpus evidenciou que, nos textos acadêmicos, a freqüência de modalizadores epistêmicos no nível da predicação foi bem mais alta que a freqüência de modalizadores no nível da proposição devido às características do gênero analisado. O artigo acadêmico deve transparecer objetividade e imparcialidade. Nas entrevistas orais, a análise demonstrou uma situação inversa. A freqüência de ocorrência de modalizadores epistêmicos sobre a proposição foi maior, confirmando, assim, a hipótese de que discutir e avaliar as descobertas já publicadas favorece um grau de comprometimento maior por parte do falante. A análise do corpus demonstrou ainda que a evidencialidade predominante no texto acadêmico foi a relatada, uma vez que o autor do texto normalmente deve se ancorar na autoridade de uma fonte que goza de prestígio. Em contrapartida, nas entrevistas, houve uma maior freqüência de ocorrências de evidencialidade inferida. Concluiu-se que, devido ao fato de o falante ser a fonte da informação, quando não tinha certeza a respeito da validade de suas afirmações ou não dispunha de dados suficientes para uma afirmação categórica, preferia marcar a dúvida como sua.

 

Palavras-chave: Modalidade epistêmica; Evidencialidade; Funcionalismo.