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RESUMO

 

 

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PERCURSO DOS GÊNEROS DO NARRAR NO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: UM DIAGNÓSTICO COM FOCO NOS ALUNOS

 

Maísa Cardoso

isamaisa@yahoo.com.br

 

Embora o narrar seja uma capacidade desenvolvida desde a infância, antes mesmo da fase escolar, diversos trabalhos acadêmicos têm demonstrado a crescente apatia dos alunos quanto à leitura e à produção de textos pertencentes a gêneros dessa tipologia. Alerta a essa contradição, a pesquisa objetiva mapear, a partir da perspectiva do educando, o percurso do texto narrativo nas aulas de Língua Portuguesa do Ensino Básico e sua repercussão nas atividades extraclasse. O contexto da pesquisa é constituído por escolas de Ensino Médio e Fundamental da região de Maringá, nas quais os dados foram colhidos, por meio de questionários, junto a alunos de quinta e oitava séries de Ensino Fundamental e terceiro ano de Ensino Médio. Esta investigação fundamenta-se numa perspectiva de ensino-aprendizagem interacionista, na concepção de gênero bakhtiniana (BAKHTIN, 2003) e no conceito de tipologia de Adam (apud BRONCKART, 1999; BRANDÃO, 2000; BONINI 2005). Adotamos a proposta de Agrupamento de gêneros feita por Dolz e Schneuwly (2004), e evidenciamos duas concepções de Tipo narrativo, na pesquisa: na primeira, mais ampla, se incluem também gêneros do relatar (DOLZ E SCHNEUWLY, 2004), caracterizados por seqüências de eventos, situados no tempo, mas sem conflito nem tratamento estético; a segunda refere-se às seqüências de eventos, fundamentalmente marcadas pela presença de conflito e por um trabalho artístico com a palavra. Os gêneros aí abrangidos pertencem exclusivamente à ordem do narrar (DOLZ E SCHNEUWLY, 2004). É nesta última acepção que nossa análise se fixará, devido à relevância da abordagem dos gêneros narrativos literários, em sala de aula e o papel da literatura na formação do homem (CANDIDO,1972). A pesquisa procura verificar: a) se os alunos reconhecem um texto narrativo e são capazes de apontar suas características e elementos principais; b) se os alunos gostam de ler e produzir/reproduzir textos narrativos; c) se a escola, no decorrer das séries, passa para segundo plano o trabalho com o texto narrativo; d) se os alunos lêem e escrevem textos narrativos fora da escola por iniciativa própria. A análise dos dados demonstrou que os educandos revelaram-se mais aptos a reconhecer o Tipo narrativo – na acepção mais ampla - do que os diversos gêneros narrativos (literários). A capacidade de reconhecimento destes vai se aperfeiçoando, no decorrer da vida escolar. Em relação ao prazer em ler, os alunos revelaram gostar mais de ler do que produzir gêneros narrativos na escola, que, por sua vez, paulatinamente, substitui a leitura dos gêneros narrativos por outros, especialmente da ordem do argumentar. Nesse aspecto, a quinta é a série em que predomina o estudo e a leitura de narrativas; a oitava volta-se para textos argumentativos, predomínio que é intensificado no Ensino Médio, em que a leitura e a análise da narrativa ficam restritas às indicações do exame vestibular. Fora da sala de aula, os alunos afirmaram preferir ler, principalmente os gêneros narrativos, com destaque às histórias de humor, ação, suspense e aventura. Quanto à produção, em contexto escolar, destacam-se, em todas as séries, a narração, a dissertação, o resumo e a resenha, textos tradicionalmente escolares, cuja abordagem é desvinculada das condições de produção textual. É possível perceber que, nas séries iniciais, a esses gêneros somam-se outros, o que caracteriza uma maior diversidade textual. Contudo, a produção extraclasse contempla textos da ordem do narrar e do relatar, em “blogs” e diários, com interlocutor determinado e estilo próprio. Os alunos revelaram ter tido experiências com narrativas orais na infância e evidenciaram o prazer em contar histórias, piadas, casos e outras formas de narrativas orais, fora da escola. A conclusão final é que, mesmo deixando os bancos escolares, a narrativa permanece na vida do aluno.

 

Palavras-chave: narrar; literatura e lingüística; diagnóstico.