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RESUMO |
Dissertação completa - Arquivo PDF
EFEITOS DE LEGITIMIDADE E DE CREDIBILIDADE NO DISCURSO PROPAGANDÍSTICO DE DILMA ROUSSEFF NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010.
Ludimila Machado Marques mmludimila@hotmail.com
Esta pesquisa tematiza a produção de efeitos de legitimidade e de credibilidade no discurso propagandístico de Dilma Rousseff, na campanha eleitoral para a Presidência da República em 2010. Considerando, com base em Charaudeau (2006), que a política só pode ser praticada se estiver sustentada sobre uma legitimidade conquistada e conferida, a inquietação deste trabalho surgiu por querer verificar como se construíram efeitos de legitimidade e de credibilidade para Rousseff, na campanha de 2010, tendo em vista que conforme observamos nos discursos que circularam nas mídias no período em questão, a disputa pela petista foi fortemente questionada em virtude de ela ser mulher, por sua candidatura ter sido uma indicação de Lula, por ela não ser popular e por não possuir um mandato emanado do povo. Para a realização desse trabalho estamos embasados na Análise do Discurso de linha francesa filiada a Michel Pêcheux e na teoria de Comunicação e Política, que nos possibilitaram por em prática o objetivo desta pesquisa, sustentando o nosso gesto analítico. O nosso objeto de análise é o discurso produzido nos spots da campanha de Dilma. Este objeto nos foi disponibilizado pelo banco de dados do GEPOMI/CNPq - UEM – Grupo de Estudos Político e Midiáticos e se configura em sequências discursivas, que foram recortadas após uma leitura de todos os spots aos quais tivemos acesso, o que nos proporcionou encontrar uma regularidade em relação aos quatro principais temas abordados nesses comerciais: apelo a Lula e/ou a seu governo; destaque ao pioneirismo feminino e/ou à mulher; ênfase ao preparo, competência e experiência da candidata e crítica/ataque ao governo FHC/Serra e ao candidato Serra. Nessa perspectiva, ancorados na teoria de Charaudeau (2006), a qual sustenta que na origem da legitimidade política são encontrados três tipos de imaginário social que são: a legitimidade por filiação, a legitimidade por formação e a legitimidade por mandato, passamos a observar se havia a produção de algum desses imaginários e o modo como eles foram construídos discursivamente. Assim, constatamos que o discurso propagandístico de Dilma constrói para a candidata, por meio do efeito metafórico proposto por Pêcheux, os três tipos de legitimidade. A legitimidade por filiação foi produzida a partir da presença de Lula, bem como pelo modo de construção discursiva, o qual produziu sentidos que colocavam Dilma como a “legítima sucessora/herdeira” do Presidente. A legitimidade por mandato foi creditada a ela pela maneira como foi discursivizado o seu pioneirismo feminino, que pela metáfora, produziu sentidos os quais apontam que por ela ter sido a primeira mulher a ocupar cargos antes só exercidos por homens comprova sua legitimidade para se tornar também a primeira mulher Presidente do Brasil; pelo modo de discursivização da instância adversária; e pelo apelo ao Presidente. Finalmente, a legitimidade por formação foi produzida pela forma como foi dito ao eleitor que a candidata era competente, pela demonstração dos cargos que ela já havia ocupado e pelo destaque atribuído à candidata por sua importante participação no governo Lula. Com o nosso percurso teórico-análitico, podemos afirmar que esse discurso produziu efeitos de sentidos que atribuíram para a candidata credibilidade e os três tipos de legitimidade, sendo que a legitimidade por filiação foi a mais explorada discursivamente, ao que atribuímos às condições de produção desse discurso, bem como as posições-sujeito de Dilma e Lula, além de constatarmos que a figura de Lula sustentou não só a legitimidade por filiação, mas também as outras duas: mandato e formação, ratificando, desse modo, que o que significa no discurso são as posições ocupadas pelos sujeitos a partir da conjuntura sócio-histórica e da memória do dizer.
Palavras-chave: Dilma Rousseff; Eleições 2010; Discurso; Legitimidade; Credibilidade.
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