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RESUMO |
Dissertação completa - Arquivo PDF
MULHERES QUE ESTÃO FAZENDO A NOVA LITERATURA BRASILEIRA: PERSPECTIVAS DE RUPTURAS E CONTINUIDADES
Lígia de Amorim Neves
ligiadeamorim@gmail.com
Este trabalho investiga de que modo a prosa de ficção contemporânea escrita por mulheres tem articulado rupturas e continuidades, tanto no plano estético quanto no temático, para representar perspectivas sociais múltiplas e a multiplicidade do sujeito da pós- modernidade. Para tanto, foram selecionadas as antologias de contos 25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira (2004) e Mais 30 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira (2005) – ambas publicadas pela editora Record e organizadas por Luiz Ruffato –, por se tratar de um corpus com um número considerável de escritoras, o que pode revelar uma variedade de perspectivas. Primeiramente, efetuou-se um mapeamento das 55 escritoras enfeixadas nos livros, com o objetivo de situar o lugar da fala dessas mulheres. Em um segundo momento, realizou-se a leitura dos contos, que foi seguida da elaboração e do preenchimento de um questionário sobre a personagem – as informações foram submetidas ao Software Sphinx Survey, que gerou um conjunto de dados estatísticos para a análise do perfil das principais personagens ali encenadas. Por fim, alguns contos representativos dentro de temáticas exploradas na literatura de autoria feminina e, de modo geral, na ficção contemporânea foram analisados em sua estrutura interna, com o intuito de compreender suas visões emancipatórias e/ou reprodutoras de valores hegemônicos. A pesquisa empreendeu, sobretudo, a perspectiva da Crítica Feminista, por promover um deslocamento de abordagens essencialistas, contribuindo, assim, para a agência da mulher na cena literária. Recorreu-se, também, à Sociologia da Literatura, por oferecer subsídios teóricos para se compreender as instâncias que constituem o circuito literário, responsável pela exclusão da mulher dos espaços privilegiados de expressão. Como resultado, observou-se que as duas antologias, embora apresentem uma seleção predominantemente elitista de escritoras, não deixam de apontar para uma situação de marginalidade que a mulher ainda ocupa na cena literária. E, ainda que haja uma tendência entre as escritoras em se autorrepresentar, o que impede que perspectivas sociais plurais sejam apresentadas, há uma diversidade de experiências cotidianas, inclusive algumas para além das relações de gênero, que permitem realizar leituras potencial ou efetivamente transgressoras em relação a modelos hegemônicos tradicionais. Palavras-Chave: Literatura contemporânea; Crítica Feminista; Autoria feminina.
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