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A HETEROGENEIDADE DO DISCURSO FEMININO: MULHER-EFEITO E SEUS DESDOBRAMENTOS

Kátia Alexsandra dos Santos

kalexsandra@yahoo.com.br

 

Tendo como contexto as novas configurações pelas quais passam homens e mulheres na contemporaneidade, este trabalho tem como objetivo pensar o efeito identitário da mulher a partir do discurso que ela faz circular sobre si mesma. Cremos que dessa forma é possível investigar quem é a mulher contemporânea: pela sua própria palavra, pelo seu discurso, já que é a partir dele que nos configuramos como sujeito, se considerarmos que o discurso é a via de materialização da ideologia e essa é a “condição para a constituição do sujeito e dos sentidos” (ORLANDI, 2002: 46). A base teórica e analítica parte dos pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa (AD), sobretudo no que diz respeito aos conceitos de heterogeneidade e de forma-sujeito. A Psicanálise auxiliou em nossas reflexões teóricas ao postular uma noção de sujeito desejante e da mulher como sintoma. Com isso em vista, analisamos um corpus constituído por 10 (dez) entrevistas realizadas com mulheres de perfis diversificados. As entrevistas partiram da seguinte questão: “Você gosta de ser mulher? Por quê?”. A partir desse corpus, descrevemos o processo de interpelação da mulher, o que chamamos de “efeito-mulher”. Na descrição/interpretação feita, observamos ainda o que “escapa” dessa interpelação, o que fura na teia discursiva tecida pela mulher contemporânea. As análises que fizemos apontam para os seguintes resultados: a mulher atual tem se situado na posição determinada para ela pelas práticas discursivas masculinas, as quais são produto da história e da ideologia que se materializa no discurso dominante: o masculino. Entretanto, a heterogeneidade inerente à constituição do sujeito faz com que essa interpelação não se dê de forma completa, o que se pode verificar nos equívocos e faltas presentes no discurso feminino. Considerando esse aspecto, podemos dizer que a mulher contemporânea reproduz um discurso composto por formações discursivas machistas, feministas, entre muitas outras que a ideologia dominante faz circular. Contudo, também dá voz a um discurso “outro” que desestabiliza a suposta homogeneidade do que chamamos de “discurso feminino”. Desse lugar de interpretação que construímos é possível afirmar que a mulher é, portanto, efeito, mas um efeito que possui desdobramentos: materialização da heterogeneidade.

 

Palavras-chave: “discurso feminino”, “efeito-mulher”, “heterogeneidade”.