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RESUMO |
Tese completa - Arquivo PDF
VIEIRA. Juliane Ferreira. Identidade de
acadêmicos sem terra do Mato Grosso do Sul: uma
análise bakhtiniana das vozes constituintes de seus relatos pessoais. 2018.
309f. Tese (Doutorado em Letras). Universidade Estadual de Maringá, Maringá,
2018. RESUMO Esta pesquisa tem como objeto a constituição da
identidade dos acadêmicos sem terra do curso de licenciatura em Ciências
Sociais da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), pelo viés das
relações histórico-sociais da história da terra. Trata-se de uma pesquisa
ancorada nos pressupostos da Linguística Aplicada, adotando como aporte teórico-metodológico os estudos
do Círculo de Bakhtin. Concebe-se, assim, o homem como social, o sujeito
como sócio-historicamente constituído e como ponto norteador para a pesquisa a
seguinte pergunta: “Como se constitui a identidade dos acadêmicos do primeiro
curso voltado especificamente para uma clientela sem terra?” Diante dessa
questão, propõe-se a tese de que a identidade dos graduandos sem terra do curso
de Ciências Sociais (UFGD) é sócio-historicamente constituída nos caminhos de
construção dos signos terra, reforma
agrária e educação do campo. Para
verificar a viabilidade dessa tese, traça-se como objetivo geral compreender as
vozes sócio-históricas que constituem a identidade dos graduandos, por meio de
seus relatos pessoais, dos referidos signos e do Projeto Político Pedagógico do
curso (PPP). A análise busca, no
encontro da palavra com a contrapalavra na constituição dos signos e do PPP,
delinear a identidade do sujeito acadêmico sem terra via seus relatos. O olhar para os relatos pessoais
pela perspectiva bakhtiniana demonstra que o centro organizador das identidades
dos acadêmicos sem terra não está nelas mesmas, mas no mundo exterior, nos
elementos extraverbais, na relação com o outro. Verifica-se que os signos terra, reforma agrária e educação do
campo foram deixando de significar uma realidade em si e passaram, na
relação dialógica, a serem ideológicos por carregarem em si realidades
sócio-histórico-discursivas múltiplas, ora conflitantes, ora consensuais. Além
disso, pode-se perceber como se desenhou o ensino-aprendizagem nas escolas
rurais do Brasil, principalmente, o de Língua Portuguesa, muitas vezes,
caracterizado pela exclusão e pela reafirmação de preconceitos. Observa-se,
enfim, que o gênero relato pessoal foi primordial para se delinear a identidade
dos acadêmicos sem terra, além de evidenciar que a preocupação com o ensino da
escrita não deve estar somente no produto em si, mas na sua relação com as
valorazações e ideologias de quem escreve, levando-se em conta o contexto
sócio-histórico do qual faz parte. . .
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