MULHER E POLÍTICA: DISCURSIVIZAÇÕES SOBRE CANDIDATAS NA MÍDIA ON-LINE

Josebely Martins de Souza Costa

jmsouza@uem.br

Considerando o reduzido número de mulheres que atuam no campo político e o poder da mídia, tanto em incentivar a participação feminina, como em denegrir a imagem política dessas mulheres reforçando a máxima machista de que outro seria o seu lugar, torna-se relevante problematizar como a mídia discursiviza a mulher política, produzindo identificações, fixando identidades. Norteada pela Análise do Discurso de linha Francesa, esta dissertação tematiza a discursivização da mulher política no discurso midiático, objetivando investigar como as candidatas Marta Suplicy (em São Paulo), Luisianne Lins (em Fortaleza) e Gleisi Hoffman (em Curitiba) foram representadas, enquanto sujeitos políticos femininos, na mídia on-line durante as eleições municipais de 2008. A pesquisa realizou-se em dois grandes momentos. Num primeiro momento, construímos um arquivo de notícias veiculadas na mídia on-line, durante o período de julho a dezembro de 2008, referente às candidatas. Dada à extensão do arquivo, procedemos em seguida à leitura e sistematização quantitativa das principais variáveis encontradas nos textos: a presença de diferentes gêneros textuais, diferentes instâncias de comunicação (a produção e a recepção), os posicionamentos em relação às mulheres candidatas (favoráveis ou contrários), as temáticas utilizadas para o agendamento midiático dessas candidatas bem como a presença ou ausência das questões de gênero nesses textos. Ao verificarmos o predomínio das questões de gênero, optamos por delimitar a pesquisa aos modos de representações da mulher política nessa parte do arquivo. Já num segundo momento, de delimitação do corpus de análise, tomamos como objeto discursivo as sequências organizadas em função dos principais acontecimentos discursivos, com o intuito de investigar como a questão de gênero funcionava na representação das candidatas pela mídia on-line nacional. A análise nos permitiu identificar os principais recursos linguístico-discursivos utilizados para cada candidata, a partir dos quais produziram-se efeitos de sentidos evidenciando, de um modo geral, que a mulher política diferente do homem político, é discursivizada por filiações a rede de memórias que estereotipam o feminino produzindo efeitos derrisórios, mesmo em um momento tão singular como as eleições. O apagamento da identidade política em si, aliado a esses efeitos tendem a fixar uma representação machista que apaga a identidade política dessa mulher e ridiculariza sua identidade feminina, como se uma e outra não pudessem constituir um único sujeito.