A CONSTRUÇÃO DAS MEMÓRIAS DA DITADURA EM K. –RELATO DE UMA BUSCA, DE BERNARDO KUCINSKI

Jéssica Baia Moretti da Silva

jessica.bm5@hotmail.com

RESUMO

A presente dissertação tem por objetivo analisar os relatos memorialísticos da ditadura militar em K. – Relato de uma busca, de Bernardo Kucinski. Além disso, esta dissertação explora as questões de como a memória ganhou expressão no romance e de como a vida social se precipitou em arte.  O romance tem como tema a constante e infrutífera busca de um pai, K. , por sua filha desaparecida política durante o período da ditadura militar no Brasil entre os  anos   1964 e 1985. No decorrer do romance, não apenas K. tem voz, mas personagens de diferentes posições sociais podem ser ouvidas, possibilitando, assim, uma maior compreensão do contexto da ditadura militar.  Semelhantes aos fatos ocorridos na vida de K. são os fatos ocorridos na vida do autor, com a diferença de que a pessoa procurada não é a filha, mas a irmã, Ana Rosa, que assim como a personagem do romance era professora universitária. Neste romance de cunho memorialista, a ficção e a memória fundem-se de forma a compor esta significativa obra literária que traz à memória as torturas e os demais sofrimentos ocasionados pelo regime ditatorial.  Como principal embasamento teórico para os estudos da memória os livros utilizados serão:  A memória coletiva (1990), de Maurice Halbwachs, História e Memória (2013), de Jacques Le Goff, A memória, a história, o esquecimento, de Paul Ricoeur e História, memória, literatura: o testemunho na era das catástrofes (2013), de Márcio Seligmann-Silva. Assim, em K. - Relato de uma busca, a memória presente não é apenas a individual pertencente ao autor, mas é também, a memória coletiva de um dos períodos mais caóticos da história do país.  Portanto, este romance não é relevante apenas por sua qualidade estética e literária, mas também por sua denúncia social.