AS RELAÇÕES RETÓRICAS NO GÊNERO RESPOSTA ARGUMENTATIVA: UM ESTUDO DA SUPERESTRUTURA DO GÊNERO E DA EXPRESSÃO LINGUÍSTICA DAS RELAÇÕES

Jackline Altoé dos Santos

Jacklg2@hotmail.com

De acordo com a Teoria da Estrutura Retórica (Rhetorical Structure Theory – RST), além do conteúdo explícito veiculado pelas orações de um texto, há relações implícitas que surgem da combinação entre partes do texto e da combinação entre orações. Neste trabalho, pretende-se descrever a ocorrência dessas relações, chamadas relações retóricas, relações de coerência ou proposições relacionais, na superestrutura do gênero resposta argumentativa. O corpus analisado foi composto por 15 redações do gênero Resposta Argumentativa (doravante RA) do Concurso Vestibular de Inverno 2009 da Universidade Estadual de Maringá. Nessa redação, os candidatos deveriam se basear em uma coletânea de textos, que tinha como tema “vício na internet”, para responder à pergunta: “A internet é nociva?”. A escolha do corpus baseou-se em critérios que verificaram se a forma de organização das porções textuais estava adequada ao gênero Resposta Argumentativa, na resposta dada pelos vestibulandos à pergunta feita. Essa adequação da resposta dizia respeito à argumentação desenvolvida. Na análise descrevemos as relações que ocorrem a partir das relações da superestrutura e vão até a microestrutura, uma vez que as relações retóricas permeiam todo o texto, desde as porções maiores até as relações estabelecidas entre duas orações (MANN E THOMPSON, 2010). Além disso, descrevemos os meios linguísticos utilizados pelos produtores dos textos na marcação das relações. A análise da superestrutura textual mostrou que a maioria dos candidatos desenvolveu a afirmação inicial com a relação de evidência. O que justifica o grande número de ocorrências dessa relação é o fato de que o candidato tem como intenção aumentar a crença do leitor no conteúdo do núcleo quando utiliza essa relação (MANN E TABOADA, 2010). Ainda em relação à superestrutura textual, das 15 redações analisadas, 3 não apresentaram conclusão. Isso não comprometeu a superestrutura dos textos, uma vez que a conclusão não é obrigatória no gênero resposta argumentativa. No nível mais alto do interior da porção textual que compõe a afirmação inicial, a relação que foi encontrada com maior frequência foi a de contraste (26,6%). O que justifica essa frequência é o fato de que o próprio comando e os textos de apoio da prova levam o candidato a estabelecer contrastes: a maioria dos textos afirma que a internet traz benefícios se for utilizada da maneira correta, caso contrário, ela é nociva e pode prejudicar as pessoas. No nível mais alto do desenvolvimento das redações, a relação de lista foi identificada em 46,6% das relações encontradas nesse nível. O que justifica esse número de ocorrências dessa relação é a própria forma do gênero RA, já que o produtor do texto deve responder à pergunta, exemplificar e explicar sua resposta. Na relação de lista, o produtor apresenta elementos de mesmo estatuto de informação, ela é utilizada pelo candidato para exemplificar a afirmação inicial, ou elencar argumentos, que são desenvolvidos no nível seguinte. No nível mais alto do interior da porção textual que compõe a conclusão, a relação com maior frequência de ocorrência foi a de contraste, encontrada em 8 das 15 redações analisadas. Como a conclusão é uma reafirmação da afirmação inicial, era de se esperar que a relação encontrada com maior frequência no tópico também fosse identificada com maior frequência na conclusão. Consideramos também nessa pesquisa a microestrutura textual, aquelas relações que surgem entre as orações e colaboram para o desenvolvimento da argumentação nos textos argumentativos, uma vez que expandem ou acrescentam informações ao núcleo. Em cada um dos exemplos analisados, foi feita uma análise do meio de expressão utilizado para marcar as relações retóricas. Essa análise comprovou que muitas vezes as relações são identificadas por critérios semânticos e pragmáticos, e não apenas por marcas formais, como afirmam Goméz-González e Taboada (2005).

 

Palavras-chave: estrutura retórica do texto (RST); superestrutura textual; microestrutura textual; gênero resposta argumentativa; expressão linguística das relações retóricas

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