SILÊNCIOS EM A HORA DA ESTRELA DE CLARICE LISPECTOR

Ingrid Gryczak Moreira

Email: ingrid_gryczak@hotmail.com

RESUMO

Todo texto literário é permeado por silêncios, uma vez que eles fazem parte de qualquer linguagem. Os silêncios atestam a incompletude das palavras, a incompletude da linguagem verbal. As próprias palavras encontram-se repletas de silêncios e todos eles significam (Orlandi, 2007). No intuito de averiguar os sentidos apontados pelos silêncios do texto artístico literário e na busca de tornar cada vez mais clara a mensagem da obra, escolhemos A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, como objeto de análise desta dissertação. Direcionar o estudo para a vereda do silêncio, especialmente a partir de uma obra que faz um mergulho na interioridade das personagens Macabéa e Rodrigo S.M., justifica-se porque aquilo que as palavras não conseguem dizer, os silêncios encarregam-se de apontar. Tais sentidos podem concorrer para uma compreensão mais profunda da angústia das personagens. O jogo entre palavras e silêncios realizado pela autora na criação do texto artístico demonstra o alto teor literário de sua produção. De fato, em A Hora da Estrela, palavras e silêncios são construídos de forma que possam representar não apenas a superficialidade do ser no mundo, mas, principalmente, a parte mais intocada de sua interioridade. A narrativa é, de fato, permeada pelos silêncios. No processo de perquirição, são convocados alguns trabalhos de Eni Puccinelli Orlandi (2007) – principal precursora dos estudos referentes à análise das formas do silêncio no Brasil –, David Le Breton (1999) – pesquisador das áreas de epistemologia e sociedade que muito tem acrescentado às reflexões acerca dos silêncios em diferentes contextos sociais –, Georg Steiner (1988), entre outros. Esperamos contribuir, ainda mais, com a fortuna crítica, já bastante vasta, da escritora. Além disso, buscamos produzir material que poderá ser usado em pesquisas sobre a questão do silêncio na literatura.