AS IDENTIDADES DO NIPÔNICO AO NIKKEI NAS MATERIALIDADES ARTÍSTICAS

Hugo Hajime Kimura

hajimekimura3@hotmail.com

Este trabalho tem como objetivo analisar, em meios artísticos, a construção discursiva das identidades do sujeito nipônico ao sujeito nikkei (nipo-brasileiro). Para esta finalidade, o romance Nihonjin, do nikkei Oscar Nakasato, os filmes produzidos pela diretora nikkei Tizuka Yamasaki, Gaijin – Caminhos da liberdade e Gaijin – Ama-me como sou, e a minissérie televisiva Haru e Natsu – as cartas que não chegaram, produção dirigida pela nipônica Sugako Hashida, estão em discussão. Estas materialidades trazem, por meio da ficção, a temática da imigração japonesa no Brasil. Nas representações ficcionais - romance, filmes e minissérie, o processo de integração vem marcado pela geração dos imigrantes até os seus descendentes na sociedade brasileira. Constata-se, também, no filme Gaijin - Ama-me como sou, o percurso de imigração em que os filhos e netos de imigrantes japoneses vão trabalhar em fábricas no Japão para melhorarem de vida e voltarem ao Brasil, tal qual aconteceu na representação do romance Nihonjin que os japoneses vieram para o Brasil apenas para enriquecer e voltar ao Japão.  Já na minissérie televisiva Haru e Natsu narra-se a história de duas irmãs que ficaram separadas no momento da vinda ao Brasil e o desdobramento identitário desta separação. Para discutir sobre estes movimentos migratórios e a constituição da identidade destes sujeitos, o embasamento teórico deste trabalho fundamenta-se na perspectiva da Análise de Discurso de linha francesa, respaldados predominantemente em Michel Foucault e Michel Pêcheux. Ambos os autores não elegeram o conceito de identidade em seus trabalhados, porém ao abordarem a questão do sujeito/subjetividade, propiciam que se discuta essa questão. Também foram trabalhados alguns apontamentos dos Estudos Culturais sobre a questão da identidade. Contudo, para Foucault, ela se atrela à questão da história: as condições de possibilidade e as condições de emergência do discurso; para Pêcheux, a identidade está relacionada aos processos de identificação e desidentificação do sujeito no/pelo discurso. Assim, problematiza-se como cada materialidade constrói e/ou põe em funcionamento os discursos acerca dos imigrantes japoneses e seus descendentes no Brasil. Outrossim, procura-se lançar um contraponto com o olhar dos japoneses sobre eles mesmos e sobre os nikkeis. Essas materialidades desvelam elementos importantes que oferecem condições para a compreensão dos discursos que constituem as identidades deste povo hoje, tendo em vista que a identidade é alvo de lutas, algo vivo, e, a todo momento, em constante transformação, pois que resulta de discursos heterogêneos e de práticas discursivas que circunscrevem estes sujeitos em um arquivo.