|
RESUMO |
Dissertação completa - Arquivo PDF
DISPOSITIVO DE SEXUALIDADE, SUJEITO E O ACONTECIMENTO DISCURSIVO DA AIDS NO BRASIL Hoster Older Sanches hoster.sanches@ifpr.edu.br
RESUMO A pesquisa investigou o discurso produzido, no Brasil, em anos de 1980 acerca da aids. A emergência do discurso sobre a aids, nessa década, determinou o recorte histórico efetuado, a partir de três superfícies de emergência, a saber: o jornal diário Folha de S. Paulo; a revista semanária Veja; e, por fim, campanhas televisivas produzidas pelo Ministério da Saúde brasileiro em 1987 e 1988. Tais discursos midiáticos encontram-se dispersos ao longo daquela década, mais precisamente, nos anos de 1983, 1987 e 1988. Para empreender a análise do corpus, a pesquisa pautou-se no método arqueológico e genealógico de Michel Foucault, além da tecnologia de poder do dispositivo de sexualidade. O objetivo desta investigação é conhecer: a) como o sujeito portador do vírus HIV/Aids é subjetivado pelas práticas discursivas veiculadas por diferentes mídias, como a impressa e a televisiva (Folha de S. Paulo, Campanha ministerial e Veja) (?); b) como os saberes sobre a aids são construídos por meio das práticas das relações de poder e saber materializadas nos discursos (?); c) de que modo o dispositivo da sexualidade atua na relação saber-poder nessas práticas discursivas (?). Operou-se, para a constituição do corpus, o recorte dos enunciados a partir da emergência dos discursos sobre a aids três mídias em anos da década de 1980. A disponibilidade de acesso aos arquivos de edições anteriores e a abrangência dos discursos em território nacional foram importantes critérios para a determinação da seleção das sequências enunciativas e, por efeito, a constituição do corpus. A análise é empreendida a partir do método foucaultiano, logo, investiga-se, nos discursos, quem fala, as relações de poder em que se insere o sujeito do discurso, considerando as diferentes formações discursivas em que o jogo de poder constitui o saber sobre a doença e a constituição do indivíduo em sujeito que convive com o vírus da aids. A partir das sequências enunciativas investigadas, a pesquisa concluiu que o indivíduo contaminado pelo retrovírus HIV é objetivado e passa pelo processo de subjetivação produzido por discursos midiáticos atravessados por diferentes campos de saber, nos quais se pode identificar a relação de três tecnologias de poder: a governamentalidade, a disciplinaridade e o dispositivo de sexualidade. Esta última técnica de poder se articula com as outras, promovendo conhecimentos acerca da doença e de sua manifestação nos indivíduos que, em tempos de aids, têm sua sexualidade reclamada por diferentes instâncias de poder, as quais procuram regulamentar e subjetivar as práticas da sexualidade da população, a fim de conter o avanço da aids em diferentes populações brasileiras.
Palavras-chave: Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; Discurso; Dispositivo de Sexualidade .
|